segunda-feira, 12 de novembro de 2012

As cidades, sua gente e seus recomeços

Começou a chover, e nós, mortais, acostumados com o abafado da metrópole, cinza e quente, começamos a contemplar a tal chuva. Ela foi aumentando, aumentando e nem nos dávamos conta aonde ela iria chegar. Queríamos apenas que ela refrescasse ou fizesse a poeria baixar, só isso, pronto, está ótimo!
Mas ela queria mais, queria inundar nossos corações, para podermos entender que não é a natureza a causadora das grandes mudanças ou em alguns casos, grandes catástrofes. É o homem..

Produzindo mais carros e poluindo a atmosfera, afinal, o progresso está aí, e não podemos parar a máquina da evolução econômica, ou seria evolução humana? Mas que evolução é essa, que exclui seus atores?

Deixamos de perceber o simples e começamos a olhar para o futuro com uma paralisia cerebral desconhecida ou cega. O homem não pensa no que acontece a sua volta, mas planeja o futuro como se não tivesse que enfrentar o presente. O presente e suas consequências! 



E aonde iremos chegar? Para qual direção devemos seguir? ou simplesmente, porque?
Nada de planejamento, nem de precaução, nada de pensar no pior ou nos problemas que poderemos enfrentar no futuro, caso nossas atitudes sejam levianas e incompetentes, afinal, vivemos assim até hoje e não vai ser agora que as coisas vão piorar. E o mundo, viveu até agora com esses homens tomando decisões "equivocadas" e "corporativas", cheias de interesses. E ai de alguém que se levantar contra isso, apontando os problemas ou querendo mudar o rumo da prosa.

A chuva causa estragos, derruba pontes, invade comércios, destrói lares, famílias e sonhos. E quando percebemos já é tarde demais e tudo se foi. O que demorou anos e anos construindo, a "chuva" levou em instantes. "Chuva maldita", "chuva insensível", "chuva burguesa", que leva o pouco que foi conquistado, por quem tinha tão pouco a levar consigo. Deixando na mão, que tinha apenas os braços para carregar o que sobrou. E assim, mais um vez, vamos ter que começar tudo novamente, afinal, somos um povo guerreiro, que crescemos nas adversidades e estamos sempre prontos a recomeçar. 

De onde será que vem essa afirmação? Será que Eike Batista, Antônio Ermírio ou Abílio Diniz recomeçaram várias vezes suas vidas? Estilhaçadas pela falta de planejamento ou de bom senso ou simplesmente falta de competência de alguém? Não, certamente, não! Nesse mundo, quem paga sempre o pato é o pobre. Aquele que precisa se reinventar cada vez que alguém do poder ou da elite toma uma decisão errada e inconsequente.



Aquele que muda de lugar, que buscar o melhor para os seus, que vai atrás do incerto, sonhando com o dia em que seu filho possa viver sem medo de viver, ou em ter que encarar o que ninguém sabe bem o que é.
O simples é suficiente, quando junto vem a paz e a benção de estar entre aqueles que amamos. 

Vamos deixando de lado valores importantes e a cada dia percebemos que o "Eu" está acima do "Nós", ou que "Eu posso" é maior e melhor do que "Nós podemos". 
E esquecemos da frase "Nenhum de nós é tão bom quanto todos nós juntos". E vem as frustrações, inseguranças da vida jovem e adulta e nos deparamos com o tal do "Bullying", que não é tão novo assim, mas voltou a moda e ganhou status de problemas da juventude do século XXI. 

E nos importamos? Procuramos uma solução, ou nos contentamos com o "é o que tem pra hoje" ? 

E não cuidamos das ruas, e não cuidamos das escolas, e não cuidamos da saúde, e não cuidamos dos córregos, e não cuidamos da segurança, e não cuidamos dos transportes, e não cuidamos dos idosos, e não cuidamos das crianças, e não pensamos no futuro de ninguém e no final, não cuidamos de nós mesmos. E Eles, não irão cuidar!! 

Poder, poder e só pelo poder! 
Até quando ?
Responda você!  





quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Lula x FHC - Parte 2

(Parte 1) ..Naquele momento a vida havia se tornado melhor para a classe trabalhadora que com a estabilidade e controle da inflação, podia planejar melhor seus investimentos e controlar suas despesas sem surpresas. Claro que muitas questões ainda precisavam ser levantadas e corrigidas e irei detalhar melhor essas questões nas partes 2 e 3. 


Parte 2 

Após a estabilização econômica e o controle da inflação, o governo FHC começou a movimentar outras áreas importantes e urgentes da sua gestão, como saúde, educação, reformas do estado e administrativa e da previdência. Este último acabou sendo deixado de lado e não foi concluído sequer 20% do que era planejado. 

Na Saúde desenvolveu ações importantes, como o mutirão da saúde, que levava medicamentos e assistência as comunidades mas carentes e distantes dos grandes centros, mas que foi criticado por não atender nem 30% da população necessitada. Outro ponto importante e determinante para a aprovação do governo, foi o combate a Aids e a quebra das patentes dos medicamentos. A popularização dos genéricos, como ficou conhecido, mudou o rumo das comercializações e monopólios das indústrias farmacêuticas no Brasil, gerando inclusive, um mal estar entre Brasil e Estados Unidos na época. 

Na Educação criou o FUNDEF (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental), que no governo Lula seria ampliado e rebatizado com o nome FUNDEB (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica), com sua vigência programada até 2019.
Esse fundo tinha como objetivo destinar recursos para o ensino fundamental e sua vigência seria até 2006, quando o FUNDEB foi implantado. O presidente Lula não só implantou, como conseguiu ampliar os valores que seriam destinados, aumentando os investimentos na educação básica. Com isso, além do investimento nos alunos, os professores também ganhariam, uma vez que o governo melhorou a distribuição dos recursos e os municípios passaram a capacitar os professores de forma continua. 

Na Reforma Administrativa e do Estado, o governo FHC "bateu de frente" com o funcionalismo público, de maneira que os salários foram congelados, pois o governo precisa aumentar o controle dos gastos, pois caso contrário o fantasma da inflação poderia voltar e comprometer todo o trabalho. Luis Carlos Bresser Pereira era o ministro responsável por fazer as mudanças necessárias e acabou esbarrando nos interesses dos agricultores e dos industriais. Era difícil mexer num sistema que estava operante desde os meados da década de 60 e que trazia benefícios e "privilégios" para alguns setores.

FHC sabia que se não tivesse sucesso nas reformas, dificilmente venceria outros desafios do seu plano de governo. Seu objetivo central seria reformar um governo burocrático e insatisfatório diante das novas exigências, o que provocava uma combinação perversa entre serviços de baixa qualidade e alto custo. Era necessário, portanto, uma reforma gerencial que trouxesse à Administração Pública maior flexibilidade, agilidade, eficácia e eficiência. 
"É importante destacar que, durante a década de 1980 e o início dos anos de 1990, o estado brasileiro veio perdendo progressivamente sua capacidade em promover o desenvolvimento econômico e social por uma série de fatores, como instabilidade econômica, alta inflação e descontrole do gasto público"(Bolívar Lamounier e Rubens Figueiredo).

Nessa área, o presidente Lula fez mudanças pouco eficientes, inclusive aumentou os gastos e os benefícios com o funcionalismo público, comprometendo o crescimento do PIB e reduzindo os investimentos de infraestrutura. Investimentos que só seriam retomados com a implantação do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) em 2007. 

De maneira geral os dois governos ampliaram o debate sobre as questões Econômico/Social, mas é inegável que o governo Lula, teve mais subsídios para investir melhor nas prioridades, já que não precisava fazer ajustes fiscais tão frequentes como no "pós estabilização econômica e controle inflacionário". Seu governo investiu bilhões no intuito de corrigir as desigualdades e melhorar a vida da população pobre e esquecida por governos anteriores. Os programas de governo que visavam incluir as classes C e D no mundo do consumo, tinha planos bem traçados, porém pouco efetivos num primeiro momento, pois era preciso vincular os recebimentos de maneira eficiente e transparente. Foi muito criticado por conservadores e por membros da sociedade civil que afirmavam que o plano era assistencialista e eleitoreiro. Em alguns casos poderia ser, mas ninguém na história desse país investiu tanto e melhorou de maneira substancial a vida de milhões. 

Muitas coisas ainda estavam por vir e os questionamentos sobre os pontos positivos e negativos dos dois governos foram ampliados em vários debates da sociedade civil, seja na internet, universidades ou encontros sindicais. O importante é que tanto FHC quanto Luis Inácio deram uma contribuição importante ao desenvolvimento econômico e social nesse país e outros pontos ainda serão abordados. Aguardem a parte 3.

Um abraço,







segunda-feira, 15 de outubro de 2012

O Papel do Professor

Uma pergunta que sempre ficou "grampeada" em minha cabeça. Qual é exatamente o papel do professor? 

Para o psicólogo russo, Lev S. Vygotsky, as palavras partilhadas socialmente seguem uma trajetória na formação intelectual das crianças no sentido de constituírem conceitos. Esse pensador tinha como centro, a necessidade de formar a  cidadania e criar responsabilidade social nas crianças desde pequenas. 
Vygostsky é um pensador interacionista como Piaget e sua questão central é a aquisição de conhecimentos pela interação do sujeito com o meio. Por isso ele é chamado de sociointeracionista, e não apenas de interacionista, como Piaget. 

Organizando internamente as experiências que recebe do meio, o indivíduo lhes atribuirá novos significados, negociando suas próprias interpretações com as dos outros. Dessa forma, ele permite entender melhor o meio social e reinterpretar os valores, as idéias e os conflitos que foram constituídos histórica e socialmente.
Todo esse processo de reconstrução do mundo por meio da apropriação dos conceitos aprendidos socialmente inicia-se nos primeiros anos de vida. A criança recontrói internamente as atividades externas que realiza com outras pessoas e objetos. Mas porque tudo isso? 

O papel do professor ganha grande importância, não apenas em reproduzir conteúdos, mas principalmente em articular e mediar conceitos espontâneos da criança e conceitos científicos. Todas essas experiências auxiliarão no desenvolvimento do aluno e facilitarão o conhecimento da realidade fisica e social. 
A mediação do professor permitirá que os alunos saiam do plano do conhecimento informal que já trazem consigo para a escola e cheguem ao conhecimento formal, resultado das negociações e sistematizações feitas em classe. 

Hoje, o professor se tornou um agente do conhecimento, mas não necessáriamente um reprodutor de informações e sim um gestor, que além de conhecimento técnico precisa entender o todo, os alunos e suas necessidades, as famílias e suas frustrações, afim de minimizar em sala de aula os efeitos causados pela vida externa, ou seja, fora da escola. É um desafio e tanto, numa sociedade que cobra resultados imediatos e aonde a família está cada vez mais distantes das suas obrigações. O professor absorveu, por uma necessidade da nova vida cotidiana, uma tarefa árdua e perigosa, num mundo onde as responsabilidades foram passadas todas para a escola.



Devemos apoiar ou criticar?  No mínimo devemos conhecer o trabalho desses profissionais, ao invés de pensar que só reclamam de salários ou que são meros "coitados". Penso que o pouco de ética que ainda existe no mercado, é fruto da dedicação de profissionais como esses GRANDES PROFESSORES!



Vamos a luta, o desafio é enorme! 
Parabéns Mestres..

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Lula x FHC - Parte 1

Começo esse texto fazendo uma pergunta objetiva. Quem foi melhor, Lula ou FHC?

Em 3 partes irei expor as participações políticas e suas realizações, sem a intenção de denegrir a imagem de nenhum dos dois. Tanto Fernando Henrique quanto Luiz Inácio, tiveram grande importância no cenário político brasileiro e certamente cometeram erros e acertos. 

O Início

Acompanho política desde os meus 15 anos, quando Fernando Collor de Melo disputava com Luiz Inácio Lula da Silva a vaga ao posto de presidente da república. Estava começando a me interessar por um assunto tão complexo naquela época. Mas vamos voltar um pouco no tempo.

José Sarney era o presidente anterior, que ficou conhecido por tentar implementar programas de pouca eficiência, como a criação da Sunab e seus famosos fiscais, que tinham a função de "fiscalizar" os abusos praticados pelo comércio em geral. Numa época onde a inflação atingia números astronômicos, em torno de 350% ao ano, todas as tentativas acabavam fracassando por várias razões. Do ponto de vista econômico, o governo Sarney foi bastante conturbado. Herdeiro dos problemas gerados pelo modelo de desenvolvimento econômico estabelecido durante o regime militar e agravado pelas sucessivas crises internacionais, o governo elaborou vários planos para combater a inflação e estabilizar a economia. Sem a estabilização, nada adiantaria, já que os altos juros, engoliam os salários e o poder de compra dos trabalhadores era zero. 



Veio então a era Collor, sem muito sucesso nessa área, pois a inflação não parava de crescer, chegando em 1989 (805% ano), 1990 (1689,87% ano), 1991 (458,38% ano) e 1992, em seu último ano de mandato, pois sofreria o impeachment, a inflação ficou em (1174,67% ano). Era preciso fazer algo urgente!

Assim que o vice presidente Itamar Franco assumiu no lugar de Fernando Collor, realizou algumas mudanças em seus ministérios. Uma delas aconteceu em maio de 1993, quando Fernando Henrique Cardoso assumiu a pasta da fazenda e ficou encarregado de resolver essa "bucha" que se arrastava por décadas. 
Nesse período, começou a implantar o Plano Real, que foi dividido em três etapas, sendo as duas primeiras implantadas enquanto era ministro. Resumidamente falando, a primeira etapa foi controlar os gastos públicos, na segunda criou a URV - Unidade Real de Valor, já prevendo sua posterior transformação no real, uma jogada de mestre. Venceu Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 1994, já que gozava de boa popularidade em função do trabalho de estabilização da moeda e assim que assumiu a presidência, em janeiro de 1995, iniciou a terceira etapa.

O sucesso do plano real foi imediato. Em 1993 o IPCA havia registrado alta de 2477,15%, já em 1995 o IPCA apresentou um valor de 22,41% e este valor foi caindo até chegar ao recorde de 1,66% em 1998 (Dados IBGE). O fantasma da Hiper Inflação finalmente seria derrotado. Tanto que FHC com índices de popularidade significativa seria reeleito já no primeiro turno com 53,06% dos votos, contra 31,71% do seu adversário, Luiz Inácio. Este só conseguiu derrotar FHC nos estados do Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.

Após a estabilização econômica e controle da inflação, FHC iniciou uma nova etapa, que seria a reforma do estado, promovida em seus dois mandatos e que faria um controle rigoroso das contas públicas e dos gastos com o funcionalismo. 
Fernando Henrique conseguiu a aprovação de várias emendas que facilitaram a entrada de empresas estrangeiras no brasil, com o intuito de acirrar a concorrência interna e diminuir preços. Foi muito criticado pela oposição e por alguns empresários que estavam renegociando suas dividas, uma vez que a abertura agravou a crise em alguns setores, pouco produtivos, em função da chegada de empresas mais sólidas e competitivas. 
O setor mais beneficiado com essa abertura foi o das telecomunicações, fazendo por exemplo, o valor de aquisição de uma linha fixa de telefone, que antes custava R$ 8.994,66, cair ao patamar de R$ 250,00 e gradativamente este valor chegaria a custo zero nos anos seguintes.

Naquele momento a vida havia se tornado melhor para a classe trabalhadora que com a estabilidade e controle da inflação, podia planejar melhor seus investimentos e controlar suas despesas sem surpresas. Claro que muitas questões ainda precisavam ser levantadas e corrigidas e irei detalhar melhor essas questões nas partes 2 e 3. 

Acompanhem..

Um abraço.




sexta-feira, 5 de outubro de 2012

A Família - Dedicado a tia Neide


Por onde começar? Porque escrever sobre isso? Na verdade não sei.
Hoje uma tormenta passou, sem que nos dessemos conta do tamanho do estrago que ela causaria, mesmo quase que preparados para recebe-la, nunca imaginávamos que a ferida seria tão grande.

Dia 05 de outubro de 2012. Um dia que mesmo que tentássemos explicar, levaríamos horas procurando as palavras certas para definir o que foi a vida de Neide Donato de Oliveira ou simplesmente tia Neide.
Resumindo é mais ou menos assim: Uma capixaba que foi cedo viver na cidade do Rio de Janeiro, casou-se e criou vários filhos. Digo vários, porque além dos seus quatro (3 homens e 1 mulher), ajudou ainda a criar/educar mais alguns. Fez isso com maestria e muita paciência e olha que tinha horas que eu não consigo compreender como ela conseguia. Mas estava lá, alegre, simples, direta, sorridente e muito carinhosa.

Eu era pequeno, e meus pais sempre me contam essa história. Foi um dia em que eu estava mal, com 41º de febre, nos meus 1 ano e 4 meses de vida e ela com sua sabedoria e principalmente iniciativa, me pegou no colo e me levou pro hospital, onde, segundo os médicos, eu não teria mais que algumas horas, pois tinha uma pneumonia aguda. Foi Deus quem a colocou ali naquele momento e eu serei eternamente grato por isso.

Passaram anos e ela continuava presente na vida de todos nós, eu, minha irmã e minha mãe. Eramos apenas nós três e passávamos momentos difíceis, pois nossa receita vinha apenas dos trabalhos que minha mãe desenvolvia (com sua mão de obra simples, pois havia concluído apenas o ensino fundamental, numa época de inflação astronômica) e do dinheiro, que vez ou outra, meu pai mandava, já que também tentava uma vida nova em são paulo e que não estava nada fácil. Foram épocas para se esquecer. Minha mãe era a guerreira da vez, acompanhada e incentivada por dona Neide e seu companheiro Tio Miguel. 

Fomos crescendo, e em quase todos os momentos da minha infância e juventude minha tia estava presente. Me lembro de muitos momentos marcantes. Das idas ao sítio que eles tinham, no município de Silva Jardim, no estado do Rio de Janeiro, até as tardes divertidas jogando vispora, seu passatempo favorito. Fritava seus maravilhosos pastéis de carne e passávamos horas e horas entretidos com esse jogo, que era uma mistura de bingo, com apostas de fichas de ônibus (sim, os ônibus da época davam fichas para depositar nas catracas), num tabuleiro com marcações do tipo "coladinho", "terno embaixo", "ponta" entre outros. Era fantástico!

Numa infância com recursos financeiros limitados, nada era mais importante, que esses momentos em família e confesso honestamente, que não trocaria por nada nesse mundo aqueles momentos.
Quando se tem amor e união, tudo pode ser superado. 
Deus nos presenteou com essa mulher que desde que me conheço por gente, nunca mediu esforços para ajudar quem quer que fosse, parente ou vizinho, conhecido ou desconhecido, ela fazia por vocação. Hoje é tão difícil encontrar pessoas que ajudem os seus, ainda mais aqueles considerados estranhos. 

Dona Neide, certamente a senhora deixará saudades, mas conseguiu deixar também um legado que dificilmente será esquecido; o do amor, da amizade, do carinho com os outros e principalmente da gratidão.  Ensinou o que significa ser FAMÍLIA de verdade. Obrigado por fazer da nossa vida algo melhor, mas obrigado mesmo por ter nos dado a honra de passar preciosos momentos ao seu lado. Siga em paz e esteja com Deus!







sábado, 1 de setembro de 2012

Os vovôs estão de volta

Quem não se lembra dos filmes explosivos e ideológicos dos anos 80, protagonizados pelos astros Silvestre Stallone (66) e Arnaud Schwarzenegger (65)?
E o que dizer de Dolph Lundgren (55), Mickey Rouke (60) e Bruce Willis (57)?
Pois agora os "vovôs" estão de volta para incendiar, explodir e danificar as telas dos cinemas nacionais. Desta vez com um elenco maior ainda, com um senhor diferencial, a experiência dos atores.
O filme contará com a participação de grandes nomes como o ator belga Jean-Claude Van Damme (52) e do campeão de fuzilamentos em filmes de guerra, Chuck Noris (72). 

 

Se o filme inicial faturou US$ 274 milhões com um time de veteranos que incluía Dolph Lundgren, Jet Li e Mickey Rourke, a sequência traz Arnold Schwarzenegger e Bruce Willis em papéis expressivos e marca a entrada de Chuck Norris e Jean-Claude Van Damme no grupo.

Esses astros de filmes de ação sofrem de uma limitação óbvia: a idade. Aos 66 anos, o ator Sylvester Stallone, que se consagrou nesse gênero em títulos como "Rambo", decidiu fazer do obstáculo o principal atrativo. Atuando como lider de uma milícia particular, ele usa justamente a experiência para alcançar os objetivos. Deu certo na aventura de estreia e está acontecendo o mesmo com "Mercenários 2", filme que liderou a bilheteria americana e já faturou US$ 42 milhões somente nos estados unidos.

Sem duvida a experiência e a história que esses astros construiram durante décadas no cinema americano é que faz dessa sequência um sucesso de bilheteria. Eu particularmente, no passado, torci muito para que Stallone e Schwarzenegger se enfrentassem nos filmes. Hoje, ao ver os dois, trabalhando lado a lado, mostra o quanto o cinema pode ser fascinante, principalmente para os fãs que acompanharam a trajetória deles. 

Outro ponto importante, é o resgate do limbo das drogas e do esquecimento, do ator Van Damme. Ele ganhou participação de destaque como vilão, o que abre horizontes para a sua carreira combalida. A turma de idade avançada e corpo sarado luta contra um perigoso inimigo que roubou plutônio russo e ameaça o planeta, papel reservado a Van Damme

Se o filme vai agradar as multidões, isso é uma tarefa dificil de afirmar, mas o certo é que nenhum deles é tão bom, quanto todos eles juntos!! Vamos conferir!



quinta-feira, 26 de julho de 2012

Um Gigante Adormecido

Desabafo de um torcedor Rubro Negro..

Como muitos rubro-negros, estou irritado com a situação atual do Flamengo. E mesmo acreditando no trabalho do Zinho, não consigo enxergar possibilidade efetiva de mudanças a curto e médio prazo para os problemas de futebol da Gávea. Graças a Deus há pelo menos 4 times piores que o Flamengo neste campeonato brasileiro e assim, em tese, o risco de rebaixamento inédito não me assusta. Entendo que o clube deveria verdadeiramente começar o planejamento para 2013 e assumir publicamente que o grande objetivo este ano é enxugar a inacreditável folha salarial do futebol e preparar a base de um novo time para as próximas temporadas. Qualquer coisa diferente disso, será perda de tempo, nocivo à Instituição e meramente político.

É impressionante como o Flamengo não consegue se reerguer. Até o Corinthians hoje em dia colhe frutos de uma administração que soube explorar o potencial de sua torcida, com inteligência nas ações de marketing (embora tenha contado com valiosa contribuição do Poder Público na questão do estádio e pela aliança inoportuna de seu ex-presidente com a CBF). Há outros exemplos recentes de sucesso em gestão empresarial no futebol brasileiro que poderiam servir como parâmetro ou diretriz para o Flamengo. Mas não. Os mesmos caciques que há quase 30 anos dominam o cenário político do clube se alternam no poder e neste momento se colocam como "pilares da excelência de administração" ou "salvação" para o clube. É desanimador o cenário. E o pior: qualquer mudança neste panorama passa necessariamente por uma reforma do estatuto do clube, o que convenhamos, será muito difícil diante do baixíssimo número de sócios e interessados.

A solução poderia vir da torcida. E sendo um clube de massa, o Flamengo possui uma torcida gigantesca, mas que em sua grande maioria parece não entender o que se passa no clube. É irritante ver e ouvir torcedores durante as partidas gritando e clamando por raça ou idolatrando jogadores que sequer possuem a mínima condição de vestir a camisa do clube. E quando a maior parte da torcida é cega, surda e muda, as esperanças ficam ainda mais reduzidas. O problema é muito maior.

Neste cenário atual há enigmas que precisam ser desvendados. Perguntas que merecem respostas. Vou listar algumas abaixo:

1. A saída do Ibson em 2009 foi um dos fatores para a conquista do hexa. "Perdemos" sua criatividade para a entrada do Pet, no "auge" de seus 37 anos para comandar o meio-campo do time até a conquista. Veja, o Ibson foi reserva na maior parte do tempo em TODOS os clubes que jogou. E sempre atuou em sua posição de origem. Mas, no Flamengo, carrega status de "ídolo", ganha um salário altíssimo e é insubstituível, homem de confiança do Joel. Jogando como terceiro ou quarto homem de meio-campo, prendendo em demasia a bola, errando passes, proporcionando contra-ataques, reclamando de companheiros e da arbitragem o tempo todo. Nenhum diretor ou vice-presidente de futebol enxerga isso?

2. Rendendo abaixo da crítica desde 2009 (vide episódio diante do Náutico no Maracanã), o Leo Moura ainda assim ostenta o status de titular absoluto, melhor lateral do Brasil e é reverenciado pela mídia especializada e pela torcida. Quer renovar por 3 anos (tem 34) ganhando 500 mil reais por mês, sendo que já declarou que quer jogar no meio-campo. Para que renovar então se o cara não será mais lateral? E o risco trabalhista em caso de rescisão do contrato? Você acha que realmente há mercado nacional interessado em pagar 500 mil reais por mês a ele (relembre casos de Toró e o lateral Juan)? Dêem uma placa a ele pelo tempo de clube, pelo bom futebol apresentado até 2008, mas daí a renovar com ele no final do ano é uma temeridade. Há tempos o Leo Moura não apóia, não marca, não faz nada em campo. A maioria dos gols ou das jogadas dos adversários surgem na avenida que ele deixa quando...não apóia ao ataque. Está sempre se escondendo do jogo, atrás da linha da bola e de vez em quando surge no meio-campo, abandonando a lateral.

3. Alguém precisa calar o Joel. Adora se vangloriar de 30 anos de carreira. Mas te pergunto: você lembra 4 ou 5 bons trabalhos do Joel nesse período? E de trabalhos ruins? Perceba, tratamos a exceção como regra. E o clube banca um salário altíssimo para um sujeito que parou no tempo (aliás, não é "privilégio" do Flamengo, temos técnicos ruins que fazem rodízio nos principais clubes brasileiros sem nada a acrescentar do ponto de vista tático ou técnico). E como ele, fizemos o mesmo com Silas, Rogério Lourenço, Caio Junior...

4. Renato Abreu. Teve uma boa fase no Flamengo. Mas, hoje em dia engessa o meio-campo. Não tem função. Aliás, tem. Cobrador de faltas. Porque fora isso, não apóia, não marca, não faz nada. Chamá-lo de ídolo é uma ofensa aos ídolos do passado. Antes do problema cardíaco, o Renato já não corria em campo. Agora então complicou. Está vivendo de 3 ou 4 gols que fez no ano. Não recebe uma bola durante a partida sem antes fazer um giro de 360º e olhar para traz. Como rubro-negro que diz ser, deveria ser o primeiro a pedir para sair. Que o clube lhe dê alguma placa comemorativa, o convide para ser embaixador e tal, mas jogador não dá mais.

5. Botinelli. Queria saber o nome do responsável no clube por contratar jogadores sulamericanos. Peralta, Fierro, Max Bianchucci. É normal errar tantas vezes? É o único argentino sem raça/vontade que conheço.

6. Nos últimos tempos apostamos em Souza, Obina, Dimba, Dill, Josiel, Negreiros, Vanderlei, Jael, Denis Marques. Juntos não fizeram 100 gols em 1000 partidas pelo Flamengo. Agora a bola da vez é o tal do Hernani. Fraco tecnicamente. É um poste. Fará 5 ou 6 gols e depois irá para o Oriente Médio ou algum clube do Nordeste, sem deixar saudades. Não temos um atacante nas categorias de base? Nossos treinadores da base não poderiam treinar ou investir na formação de um jogador de área? Cadê o planejamento e a integração com os profissionais? Junte o salário e as luvas pagas a esses caras e já teríamos construído o CT ou então pago boa parte das dívidas com o Pet, Romário...

Mas, saberemos que não será assim que as coisas funcionarão. Infelizmente. Conheço uns 10 rubro-negros que promoveriam mudanças no clube. Que seriam ótimos administradores, dirigentes de futebol, treinadores, advogados, gente para área de finanças e marketing. Todos sem interesses obscuros ou querendo enriquecer às custas do clube. Como esse grupo, existem outros rubro-negros capazes, íntegros e que podem ajudar. Precisamos trazer essas pessoas para o clube. Conseguiremos um dia?

E como a velha política do "pão e circo", é capaz do clube anunciar o Riquelme, a imprensa fazer festa e a torcida (eu não!) se enganar e acreditar que está tudo bem, que seremos campeões e que os problemas acabaram. O clube pode contratar quem quiser ou puder, vencer 3 ou 4 partidas, mas isso não mudará ou acabará com os problemas do clube. A conquista do brasileiro em 2009 é a prova irrefutável disso tudo que falei até aqui. Aliás, contratar o Riquelme, trazer o Adriano, é ter a certeza de que teremos um quarteto de ex-jogadores em atividade em campo: Leo Moura, Renato Abreu, Riquelme e Adriano. Tudo isso a um custo superior a 1,5 milhão de reais por mês (18 milhões/ano + encargos trabalhistas e fiscais). É mole? Investimento alto sem retorno algum em campo com vitórias, bom futebol e resultados. Algo corriqueiro às gestões do Flamengo (vide também os salários pagos a jogadores como Willians, Kleberson, Rodrigo Alvim, David Braz, Galhardo, Gustavo, Junio Cesar, R10, Angelim e outros).

Por fim, enquanto a torcida arco-íris ecoa sobre a tal "Fla-Press", eu fico indignado com os jornalistas e comentaristas esportivos. Há uma preocupação muito maior em publicar reportagens e notícias sensacionalistas do que realmente discutir ou forçar a reflexão sobre os problemas do clube e do time. Se houvesse uma imprensa tendenciosa, seria esta burra e que presta um desfavor ao Clube de Regatas do Flamengo. Se a preocupação for vender jornal ou espaço na mídia, independentemente do teor da publicação, ok, mas que se admita isso. A própria imprensa tem sua parcela de culpa. Poderia ser muito mais do que realmente é. E os comentaristas esportivos ao tecerem comentários sobre determinados jogadores (exemplo: Ibson e Leo Moura), deveriam ao menos assistir as partidas do Flamengo, porque para falar o que falam, devem fazer de tudo, menos assistir aos jogos do time.


"Estão acabando com o Flamengo e com o amor que torcedores de bem (e de verdade) sentem por ele".

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Já vai tarde!



Estava mais do que na cara! Desde a eliminação na Libertadores e nas finais do Estadual, o divórcio entre Ronaldinho Gaúcho e o Flamengo era pedra das mais cantadas. O que se buscava, como me cansei de escrever aqui e falar no SporTV e na Rádio Globo, era uma saída honrosa. Saída "pela porta da frente", como chegou a admitir o próprio jogador, após uma boa atuação, no Carioca.

Nem isso foi possível. Em mais uma fantástica série de trapalhadas, o comando do futebol rubro-negro acabou acelerando o processo (numa desastrada conversa do vice de futebol com torcedores) e o empresário e irmão do jogador decidiu entrar com um pedido de liberação (e cobranças) na Justiça.

Quer saber? Já vai tarde! Ronaldinho Gaúcho foi, na verdade, uma enorme decepção. Ninguém, em sã consciência, tinha expectativa de que fosse capaz de reencontrar aqui o futebol mágico que chegou a exibir em seus melhores anos de Barcelona. Mas o mínimo que se esperava dele era empenho e profissionalismo. E, com isso, teria o suficiente para fazer a diferença - como fizeram, em suas voltas, apesar de fisicamente combalidos, Ronaldo Fenômeno, no Corinthians, e até Adriano, no Flamengo.

Nem disso, entretanto, o Dentuço foi capaz. Apesar do físico bem mais conservado que os outros ex-companheiros acima citados, Ronaldinho preferiu brilhar em outros campos - e a noite carioca ganhou um boêmio onipresente e um atleta profissional, irritantemente displicente.
Suas boas atuações podem ser contadas nos dedos de uma mão. Show mesmo, somente na Vila Belmiro, na já histórica virada sobre o Santos de Neymar.

E tome de falta, e de chegadas atrasadas, e de apresentações em condições problemáticas, e de faltas em compromissos com patrocinadores.

Ronaldinho, não há outro termo, se tornou um fiasco tsunâmico no Flamengo. Sua saída será um reforço considerável para o elenco.




terça-feira, 29 de maio de 2012

O Caos nos Aeroportos e a falta de Infraestrutura

Caros leitores, tenho viajado constantemente a trabalho, toda semana para ser mas exato e tenho me deparado com uma situação lastimável nos aeroportos, o que já não é novidade pra ninguém. Outro dia, saindo de curitiba a caminho de são paulo, levei mais de seis horas, da minha casa até o meu destino final na capital paulista. Um horror!




Em 2006, o choque entre um jato Legacy americano e um Boeing da Gol – causando a morte de 154 pessoas – foi o episódio que chamou definitivamente a atenção da população brasileira para a precariedade do setor de transporte aéreo do país. O acidente foi o estopim de um apagão aéreo que paralisou os aeroportos na véspera do fim do ano. Voos cancelados e atrasos de até trinta horas transformaram os aeroportos numa sucursal do inferno. Uma CPI foi aberta para investigar o caos, mas todos os problemas identificados por ela permanecem à espera de solução.

Você se depara nos aeroportos com um bando de pessoas descontentes, desesperadas e maltratadas. A estabilização econômica dos últimos 17 anos fez aumentar em 263% o número de brasileiros com acesso às viagens aéreas. Seria motivo de comemoração, não fossem os constantes problemas nos aeroportos do país – provocados, sobretudo, pela falta de infraestrutura do setor.
E a Infraero é a maior responsável por esses problemas.

Já houve vários escândalos de verbas, supostamente desviadas dessa grande entidade estatal. Falam alguns em R$ 300 milhões, outros em R$ 600 milhões, não sabemos com clareza, mas a alguns anos o tribunal de contas da união já denunciou vários deslizes em contas e contratos e até hoje não se resolveu nada. Mas isso faz parte do carma do país, denuncias que não vão adiante.

O que interessa, é que a Infraero faz parte daquele delirio político, de que o estado tem que controlar tudo, "a infraestrutura", "o suporte", "os alicerces da nação", "a segurança nacional", "nosso patrimônio público" e outros slogans ridículos e superados. São esses que mantém estruturas velhas, como a Infraero. 

Na recente privatização envergonhada de três aeroportos, a Infraero teve de estar presente, porque nunca se confia na iniciativa privada, confundida com capitalismo, privataria e etc. Quando será que essa gente, que domina a ideologia do nosso governo, vai aceitar que o estado brasileiro não tem condições de gerir todas as formas de vida social. Que o estado brasileiro está falido, quebrado, super lotado de clientelismos e corrupção, que a sociedade está crescendo em complexidade e que não pode ser tratada como gado, por um estado, cujo a maior característica é a incompetência generalizada de todos os orgãos.

O maior problema do brasil, não é o capitalismo não, é a falta dele. 
O maior problema é o patrimonialísmo do estado, que impede a sociedade se mover.
O estado inchado, nos impede de respirar ou decolar!

terça-feira, 8 de maio de 2012

Uma França Consolada

O presidente Nicolas Sarkozy assumiu em 2007 seu cargo, do qual pode estar se despedindo neste final de semana, com a promessa de construir nada menos que uma "nova França", tarefa realmente ambiciosa, num pais que está aí há uns 2000 anos e já viu mais ou menos tudo o que poderia ter visto. O resultado final de todos os seus esforços é que a França de hoje, pouco tem de diferente, da de cinco anos atrás, e possivelmente, independente de quem vença a eleição, será a mesma daqui a cinco anos.
Sarkozy é o campeão da "direita" e seu opositor, François Hollande, é o campeão da "esquerda" e ambos pregam programas totalmente opostos entre si. Um garante que se o outro ganhar a França se transformará numa ruina praticamente imediata.


A França de hoje tem muito mais do bom do que do ruim, e nestes casos, o melhor que pode lhe acontecer é ir se segurando mais ou menos onde está. O fato que realmente interessa, e do qual bem pouco se fala, é o seguinte: a França é um dos países mais bem-sucedidos do mundo. Tem problemas, claro, e alguns deles são até reais. Mas é um país de verdade, com 65 milhões de habitantes, e não um parque de diversões, e tem uma situação admiravel pra quem chegou a esse porte. Não há um único buraco em seus 11000 quilômetros de autoestradas de primeiríssima classe. O trem-bala existe; está sempre no horário, mantém velocidade média de 300 quilômetros por hora e sua rede já é cinco vezes maior que o trajeto entre Rio de Janeiro e São Paulo.

A França tem um PIB per capita acima dos 42000 dolares anuais, contra os 10840 dolares no Brasil. Soube aproveitar com inteligência, rapidez e eficácia todo o avanço tecnológico das última décadas. Produz mais que o Brasil, num território equivalente a 6% do nosso e com um terço da nossa população. O salário mínimo é cinco vezes superior ao brasileiro, a saúde pública é impecável e a classe C já emergiu a 100 anos atrás. O cidadão francês não sabe o que é um assalto a mão armada, e não tem a menor idéia do que possa ser um arrastão em prédios e condomínios. Nunca ouviu falar em firma reconhecida e desabamento de morros. Desconhece a existência de filas de onibus. A soma de todas as suas dificuldades, considerando-se a vida como ela é, parece uma brincadeira quando comparada à certos Brics, a começar pelo que é representado na letra B.


A França certamente tem complicações sérias, como o desemprego e a invasão de seu território pelos pobres do mundo que, por bem ou por mal, querem emigrar para lá. Tem uma paixão mal resolvida, e provavelmente sem solução, pelo "estado forte", a quem se atribui poderes incomparáveis.
Sarkozy até tentou mudar alguns quadros na política econômica e social da França, mas não conseguiu sequer diminiur os efeitos catastróficos causados por uma economia globalizada e refém dos mercados. Hollande, que carrega preconceitos quanto a sua candidatura, pelo fato de nunca ter se destacado em nada, parece o homem certo para tentar mudar esse panorama. Se vai conseguir, isso só o tempo vai dizer, mas a França tem a sorte de não precisar dos seus políticos para conservar tudo aquilo que já soube contruir.





quarta-feira, 11 de abril de 2012

A Paciência de Jó dos Computadores

Existe uma grande diferença entre a atividade de um pesquisador acadêmico e a de um professor ou de um pedagogo: enquanto pesquisadores buscam análises detalhadas e certezas comprovadas, pedagogos não podem esperar que isso aconteça, o que os interessa são ideias fortes e aplicações práticas.

Estamos defendendo neste texto, escrito mais pela ótica do pedagogo que pela do pesquisador, uma ideia que pode ser resumida assim: apesar de sua grande variedade, todos os softwares educativos têm uma característica comum, que é sua infinita paciência em relação aos erros das crianças.
A consequência prática é que essa é uma propriedade que pode ser explorada para melhorar processos de aprendizagem específicos e ao mesmo tempo ajudar no desenvolvimento de uma autoimagem mais confiante e positiva em nossas crianças e jovens.

Começamos com um exemplo que ilustra esse ponto de vista. A história foi contada há alguns anos por um professor que trabalhava, em Curitiba, em uma instituição de apoio psicopedagógico a alunos(as) de escolas públicas com "dificuldades de aprendizagem". Nela, ele relata o uso que fez de um software que todos nós considerávamos de péssima qualidade, pois se limitava a apresentar "continhas" com frações em um contexto graficamente muito pobre e que não tinha relação nenhuma com o conteúdo do jogo:

"Antes de usar o software ‘x’ com os alunos, eu achava este um péssimo produto, sem nenhuma criatividade, mecânico. Mas, como ele era o único jogo de computador disponível na área de Matemática, nós o experimentamos com um grupo de alunos ‘fracos’ e repetentes de 3.ª série, muito atrasados em Matemática. Os resultados me impressionaram. Isso porque, depois de muitos erros, eles foram selecionando níveis cada vez mais simples de desafios e chegaram a exercícios que até mesmo eles conseguiam resolver. Foi muito impressionante ver sua reação quando apareceu ‘½ + ½ = ?’ na tela: todos começaram a dizer, excitados, ‘1, coloca 1!’ e, quando receberam a mensagem de ‘parabéns!’, seus rostos se iluminaram. Eles adoraram a interação proporcionada pelo software, que aplaudia os acertos e não reprimia os erros. Além disso, usamos a possibilidade de cadastrar novos desafios para oferecer problemas que eles começaram a resolver (os mesmos que não queriam fazer com lápis e papel). Os resultados foram ótimos, inclusive em relação à performance na escola, principalmente porque essas crianças ganharam confiança interagindo com o software." (Relato do professor Marco Aurélio Mikosz)
 
Os alunos mencionados aqui eram considerados "péssimos" e já viviam com a sina de serem vistos assim, dentro e fora da escola. O que existe de quase absurdo nessa história é que foi somente com um software de qualidade medíocre que esses alunos viveram suas primeiras experiências escolares de "acertar". É essa experiência que parece ter sido decisiva na mudança que acabou levando, até mesmo, a grandes melhoras desses alunos em seu rendimento dentro da escola.

O exemplo ilustra uma hipótese que, mesmo que apresentada aqui de forma um pouco "crua", é fruto de bastante reflexão e algo com que muitos(as) de nós devem concordar:

A imensa maioria das dificuldades de aprendizagem não se deve a "deficiências cognitivas", mas à falta de autoconfiança de crianças e de adolescentes que se acostumaram a ouvir e a dizer "não sei", "não posso". Alunos(as) que internalizam essa visão negativa acabam nem se engajando em análises específicas, pois, diante de uma dificuldade, ficam como que paralisados(as) pela autocrítica e pela convicção de sua própria incompetência.

A escola não parece capaz, na maioria dos casos, de mudar essa situação (aliás, muito pelo contrário). Mas é preciso parar de culpar os professores por isso. Quem é ou foi professor sabe que é quase impossível para quem lida com grupos de 20 a 30 alunos concentrar seu trabalho nos alunos "mais fracos", pois é preciso dar aulas para "a média", para "a maioria" que consegue acompanhar o ritmo. "Atrasados" desde o começo, muitos alunos acabam passando seus anos de escola sendo cada vez mais marginalizados.

Devido à grande paciência dos computadores, interações com softwares educativos podem ser um novo elemento para nos ajudar a tentar mudar essa situação.

Este texto se encerra, assim, com um duplo convite: aos pesquisadores, para que deem mais atenção à natureza específica das interações criança—computador e não restrinjam suas análises apenas ao uso dos softwares mais sofisticados; e aos educadores, para que levem em conta a possibilidade de que, graças à sua "paciência de Jó", os computadores associados aos softwares educativos sejam aliados poderosos não apenas para ensinar, mas para alcançarmos um dos objetivos mais importantes e básicos da educação: ajudar cada criança a construir uma autoimagem positiva.

sábado, 28 de janeiro de 2012

A oposição no Brasil, está nos braços de Morfeu

O silêncio da oposição incomoda. Desde 1945, incluindo o período do regime militar, nunca tivemos uma oposição tão minúscula e inoperante. Vivemos numa grande Coreia do Norte com louvações cotidianas à dirigente máxima do país e em clima de unanimidade ditatorial. A oposição desapareceu do mapa. E o seu principal partido, o PSDB, resolveu inventar uma nova forma de fazer política: a oposição invisível.

A fragilidade da ação oposicionista não pode ser atribuída à excelência da gestão governamental. Muito pelo contrário. O país encerrou o ano com a inflação em alta, a queda do crescimento econômico, o aprofundamento do perfil neocolonial das nossas exportações e com todas as obras do PAC atrasadas. E pior: o governo ficou marcado por graves acusações de corrupção que envolveram mais de meia dúzia de ministros. Falando em ministros, estes formaram uma das piores equipes da história do Brasil. A quase totalidade se destacou, infelizmente, pela incompetência e desconhecimento das suas atribuições ministeriais.

Mesmo assim, a oposição se manteve omissa. No Congresso Nacional, excetuando meia dúzia de vozes, o que se viu foi o absoluto silêncio. Deu até a impressão que as denúncias de corrupção incomodaram os próceres da oposição, que estavam mais preocupados em defender seus interesses paroquiais. Um bom (e triste) exemplo é o do presidente (sim, presidente) do PSDB, o deputado Sérgio Guerra. O principal representante do maior partido da oposição foi ao Palácio do Planalto. Numa democracia de verdade, lá seria recebido e ouvido como líder oposicionista. Mas no Brasil tudo é muito diferente. Demonstrando a pobreza ideológica que vivemos, Guerra lá compareceu como um simples parlamentar, de chapéu na mão, querendo a liberação de emendas que favoreciam suas bases eleitorais.

O partido está isolado, fruto da paralisia e da recusa de realizar uma ação oposicionista. Desta forma foi se afastando dos seus aliados tradicionais. É uma estratégia suicida e que acaba fortalecendo ainda mais a base governamental, que domina amplamente o Congresso Nacional e que deve vencer, neste ano, folgadamente as eleições nas principais cidades do país.
O mais grave é que o abandono do debate leva à despolitização da política. Hoje vivemos, e a oposição é a principal responsável, o pior momento da história republicana. O governo faz o que quer. Administra  o país sem ter qualquer projeto a não ser a perpetuação no poder. Com as reformas realizadas na última década do século XX foram criadas as condições para o crescimento dos últimos dez anos. Mas este processo está se esgotando e os sinais são visíveis. Não temos política industrial, agrícola, científica. Nada.

Ser oposição tem um custo. O parlamentar oposicionista tem de convencer o seu eleitor, por exemplo, que os recursos orçamentários não são do governo, independente de qual seja. Orçamento votado é para ser cumprido, e não servir de instrumento do Executivo para coagir o Legislativo. Quando o presidente do principal partido de oposição vai ao Palácio do Planalto pedir humildemente a liberação de um recurso orçamentário, está legitimando este processo perverso e antidemocrático, inexistente nas grandes democracias. Deveria fazer justamente o inverso: exigir, denunciar e, se necessário, mobilizar a população da sua região que seria beneficiada por este recurso. Mas aí é que mora o problema: teria de fazer política, no sentido clássico. Mas o principal partido de oposição está adormecido, seja pela ineficiência, ou por casuísmo, pela falta de um projeto que possa conduzi-los de volta a mesa de debates. Estão paralizados, numa inércia que parece ser eterna, sem previsão de melhoras.

Já do lado do governo, qualquer ação administrativa está estreitamente vinculada à manutenção no poder. Não há qualquer preocupação com a eficiência de um projeto. A conta é sempre eleitoral, se vai dar algum dividendo político. A transposição das águas do Rio São Francisco é um exemplo. Apesar de desaconselhado pelos estudiosos, o governo fez de tudo para iniciar a obra justamente em um ano eleitoral (2010). Gastou mais de um bilhão. Um ano depois, a obra está abandonada. Ruim? Não para o petismo. A candidata oficial ganhou em todos os nove estados da região e na área por onde a obra estava sendo realizada chegou a receber, no segundo turno, 95% dos votos, coisa que nem Benito Mussolini conseguiu nos seus plebiscitos na Itália fascista.

Se continuar com esta estratégia, a oposição caminha para a extinção. E o pior, sem imaginar que estão contribuindo para que o governo se perpetue no poder, transformando-os num regime ditador sem o uso da força bruta. O mais curioso é que tem milhões de eleitores que discordam do projeto petista, mas a oposição não sabe como se organizar, seja por vaidade de alguns ou por incompetência de outros. Enfim, mais uma vez o Brasil desafia a teoria política.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

O Esquecimento da Sociologia

Durante o regime militar, alguns dos intelectuais afastados de suas cátedras e de suas pesquisas, continuaram trabalhando no exterior. Outros formaram núcleos de pesquisa independentes, como o Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento). Além de São Paulo, também Brasilia, Rio de Janeiro e Belo Horizonte criaram núcleos importantes de pesquisa e, mesmo dentro da universidade, agora expurgada, formaram-se diversos centros de pesquisa e de estudo em áreas específicas.

Impossível negar, de qualquer maneira, que a repressão política aos intelectuais e universitários, com as aposentadorias forçadas de professores, o exílio e a prisão de muitos profissionais de imprensa e do mercado editorial, foi um duro golpe ao desenvolvimento da sociologia.
A USP, onde se reconhecia a existencia de um grupo de pesquisadores articulados e convergentes, que chegou a ser chamada de escola paulista de sociologia, viu desaparecer seus maiores nomes. O amadurecimento da sociologia e de seu papel na reflexão sobre a sociedade brasileira foi violentamente interrompido.

Nos anos 1980, com a abertura política, surgem novos partidos e a vida política participativa começa a tomar fôlego. Muitos cientistas sociais decidem ingressar na politica propriamente dita. O PT foi o que mais se beneficiou com esse novo panorama. Florestan Fernandes, Antonio Candido de Mello e Souza e Fransico Weffort foram alguns nomes que engrossaram as fileiras da luta política do PT. Um saudável integração entra teoria social e prática política. O antropólogo Darcy Ribeiro seguiu pelo mesmo caminho filiando-se ao PDT, legenda que reivindicava o nacionalismo e o populismo do antigo líder Getúlio Vargas.

Outros nomes importantes da sociologia, como o de Fernando Henrique Cardoso, que esteve presente na fundação do PSDB, que emergiu de um movimento do PMDB, que por sua vez, originou-se do antigo MDB, partido que se opunha ao regime militar. Havia um propósito fundamentado.
O tempo foi passando e, enquanto outras áreas das ciências humanas adquiriam grande prestígio, como a economia, com a elaboração de modelos integrados de análise da sociedade e de formas de intervenção, a sociologia ficava cada vez mais isolada. Foi perdendo o brilho e o interesse, de intelectuais e universitários.
Na minha opinião, esse resultado se deve, a mudança de pensamento sobre as bases sociais e o desequilíbrio causado por um capitalismo liberal "teoricamente" triunfante.

Não quero defender aqui nenhuma bandeira do tipo "Fim do Capitalismo", "Abaixo a economia liberal" ou coisa parecida, mas quero apenas destacar, que necessitamos de um modelo integrado de estudo da Sociologia. Uma Sociologia participativa, coerente com os valores nacionais, de resgate ao respeito individual e de valorização do trabalho. Nenhum regime, seja qual for, se sustenta sem equilíbrio social e do capital humano.

Importante mantermos, num momento de economia globalizada, a noção de que com uma base social forte, teremos um país mas preparado a atender os anseios de uma sociedade em transformação. Portanto, lutemos por um resgate dos valores, que só o estudo da Sociologia nos dá.