quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

O Esquecimento da Sociologia

Durante o regime militar, alguns dos intelectuais afastados de suas cátedras e de suas pesquisas, continuaram trabalhando no exterior. Outros formaram núcleos de pesquisa independentes, como o Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento). Além de São Paulo, também Brasilia, Rio de Janeiro e Belo Horizonte criaram núcleos importantes de pesquisa e, mesmo dentro da universidade, agora expurgada, formaram-se diversos centros de pesquisa e de estudo em áreas específicas.

Impossível negar, de qualquer maneira, que a repressão política aos intelectuais e universitários, com as aposentadorias forçadas de professores, o exílio e a prisão de muitos profissionais de imprensa e do mercado editorial, foi um duro golpe ao desenvolvimento da sociologia.
A USP, onde se reconhecia a existencia de um grupo de pesquisadores articulados e convergentes, que chegou a ser chamada de escola paulista de sociologia, viu desaparecer seus maiores nomes. O amadurecimento da sociologia e de seu papel na reflexão sobre a sociedade brasileira foi violentamente interrompido.

Nos anos 1980, com a abertura política, surgem novos partidos e a vida política participativa começa a tomar fôlego. Muitos cientistas sociais decidem ingressar na politica propriamente dita. O PT foi o que mais se beneficiou com esse novo panorama. Florestan Fernandes, Antonio Candido de Mello e Souza e Fransico Weffort foram alguns nomes que engrossaram as fileiras da luta política do PT. Um saudável integração entra teoria social e prática política. O antropólogo Darcy Ribeiro seguiu pelo mesmo caminho filiando-se ao PDT, legenda que reivindicava o nacionalismo e o populismo do antigo líder Getúlio Vargas.

Outros nomes importantes da sociologia, como o de Fernando Henrique Cardoso, que esteve presente na fundação do PSDB, que emergiu de um movimento do PMDB, que por sua vez, originou-se do antigo MDB, partido que se opunha ao regime militar. Havia um propósito fundamentado.
O tempo foi passando e, enquanto outras áreas das ciências humanas adquiriam grande prestígio, como a economia, com a elaboração de modelos integrados de análise da sociedade e de formas de intervenção, a sociologia ficava cada vez mais isolada. Foi perdendo o brilho e o interesse, de intelectuais e universitários.
Na minha opinião, esse resultado se deve, a mudança de pensamento sobre as bases sociais e o desequilíbrio causado por um capitalismo liberal "teoricamente" triunfante.

Não quero defender aqui nenhuma bandeira do tipo "Fim do Capitalismo", "Abaixo a economia liberal" ou coisa parecida, mas quero apenas destacar, que necessitamos de um modelo integrado de estudo da Sociologia. Uma Sociologia participativa, coerente com os valores nacionais, de resgate ao respeito individual e de valorização do trabalho. Nenhum regime, seja qual for, se sustenta sem equilíbrio social e do capital humano.

Importante mantermos, num momento de economia globalizada, a noção de que com uma base social forte, teremos um país mas preparado a atender os anseios de uma sociedade em transformação. Portanto, lutemos por um resgate dos valores, que só o estudo da Sociologia nos dá.

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