quinta-feira, 31 de maio de 2012

Já vai tarde!



Estava mais do que na cara! Desde a eliminação na Libertadores e nas finais do Estadual, o divórcio entre Ronaldinho Gaúcho e o Flamengo era pedra das mais cantadas. O que se buscava, como me cansei de escrever aqui e falar no SporTV e na Rádio Globo, era uma saída honrosa. Saída "pela porta da frente", como chegou a admitir o próprio jogador, após uma boa atuação, no Carioca.

Nem isso foi possível. Em mais uma fantástica série de trapalhadas, o comando do futebol rubro-negro acabou acelerando o processo (numa desastrada conversa do vice de futebol com torcedores) e o empresário e irmão do jogador decidiu entrar com um pedido de liberação (e cobranças) na Justiça.

Quer saber? Já vai tarde! Ronaldinho Gaúcho foi, na verdade, uma enorme decepção. Ninguém, em sã consciência, tinha expectativa de que fosse capaz de reencontrar aqui o futebol mágico que chegou a exibir em seus melhores anos de Barcelona. Mas o mínimo que se esperava dele era empenho e profissionalismo. E, com isso, teria o suficiente para fazer a diferença - como fizeram, em suas voltas, apesar de fisicamente combalidos, Ronaldo Fenômeno, no Corinthians, e até Adriano, no Flamengo.

Nem disso, entretanto, o Dentuço foi capaz. Apesar do físico bem mais conservado que os outros ex-companheiros acima citados, Ronaldinho preferiu brilhar em outros campos - e a noite carioca ganhou um boêmio onipresente e um atleta profissional, irritantemente displicente.
Suas boas atuações podem ser contadas nos dedos de uma mão. Show mesmo, somente na Vila Belmiro, na já histórica virada sobre o Santos de Neymar.

E tome de falta, e de chegadas atrasadas, e de apresentações em condições problemáticas, e de faltas em compromissos com patrocinadores.

Ronaldinho, não há outro termo, se tornou um fiasco tsunâmico no Flamengo. Sua saída será um reforço considerável para o elenco.




terça-feira, 29 de maio de 2012

O Caos nos Aeroportos e a falta de Infraestrutura

Caros leitores, tenho viajado constantemente a trabalho, toda semana para ser mas exato e tenho me deparado com uma situação lastimável nos aeroportos, o que já não é novidade pra ninguém. Outro dia, saindo de curitiba a caminho de são paulo, levei mais de seis horas, da minha casa até o meu destino final na capital paulista. Um horror!




Em 2006, o choque entre um jato Legacy americano e um Boeing da Gol – causando a morte de 154 pessoas – foi o episódio que chamou definitivamente a atenção da população brasileira para a precariedade do setor de transporte aéreo do país. O acidente foi o estopim de um apagão aéreo que paralisou os aeroportos na véspera do fim do ano. Voos cancelados e atrasos de até trinta horas transformaram os aeroportos numa sucursal do inferno. Uma CPI foi aberta para investigar o caos, mas todos os problemas identificados por ela permanecem à espera de solução.

Você se depara nos aeroportos com um bando de pessoas descontentes, desesperadas e maltratadas. A estabilização econômica dos últimos 17 anos fez aumentar em 263% o número de brasileiros com acesso às viagens aéreas. Seria motivo de comemoração, não fossem os constantes problemas nos aeroportos do país – provocados, sobretudo, pela falta de infraestrutura do setor.
E a Infraero é a maior responsável por esses problemas.

Já houve vários escândalos de verbas, supostamente desviadas dessa grande entidade estatal. Falam alguns em R$ 300 milhões, outros em R$ 600 milhões, não sabemos com clareza, mas a alguns anos o tribunal de contas da união já denunciou vários deslizes em contas e contratos e até hoje não se resolveu nada. Mas isso faz parte do carma do país, denuncias que não vão adiante.

O que interessa, é que a Infraero faz parte daquele delirio político, de que o estado tem que controlar tudo, "a infraestrutura", "o suporte", "os alicerces da nação", "a segurança nacional", "nosso patrimônio público" e outros slogans ridículos e superados. São esses que mantém estruturas velhas, como a Infraero. 

Na recente privatização envergonhada de três aeroportos, a Infraero teve de estar presente, porque nunca se confia na iniciativa privada, confundida com capitalismo, privataria e etc. Quando será que essa gente, que domina a ideologia do nosso governo, vai aceitar que o estado brasileiro não tem condições de gerir todas as formas de vida social. Que o estado brasileiro está falido, quebrado, super lotado de clientelismos e corrupção, que a sociedade está crescendo em complexidade e que não pode ser tratada como gado, por um estado, cujo a maior característica é a incompetência generalizada de todos os orgãos.

O maior problema do brasil, não é o capitalismo não, é a falta dele. 
O maior problema é o patrimonialísmo do estado, que impede a sociedade se mover.
O estado inchado, nos impede de respirar ou decolar!

terça-feira, 8 de maio de 2012

Uma França Consolada

O presidente Nicolas Sarkozy assumiu em 2007 seu cargo, do qual pode estar se despedindo neste final de semana, com a promessa de construir nada menos que uma "nova França", tarefa realmente ambiciosa, num pais que está aí há uns 2000 anos e já viu mais ou menos tudo o que poderia ter visto. O resultado final de todos os seus esforços é que a França de hoje, pouco tem de diferente, da de cinco anos atrás, e possivelmente, independente de quem vença a eleição, será a mesma daqui a cinco anos.
Sarkozy é o campeão da "direita" e seu opositor, François Hollande, é o campeão da "esquerda" e ambos pregam programas totalmente opostos entre si. Um garante que se o outro ganhar a França se transformará numa ruina praticamente imediata.


A França de hoje tem muito mais do bom do que do ruim, e nestes casos, o melhor que pode lhe acontecer é ir se segurando mais ou menos onde está. O fato que realmente interessa, e do qual bem pouco se fala, é o seguinte: a França é um dos países mais bem-sucedidos do mundo. Tem problemas, claro, e alguns deles são até reais. Mas é um país de verdade, com 65 milhões de habitantes, e não um parque de diversões, e tem uma situação admiravel pra quem chegou a esse porte. Não há um único buraco em seus 11000 quilômetros de autoestradas de primeiríssima classe. O trem-bala existe; está sempre no horário, mantém velocidade média de 300 quilômetros por hora e sua rede já é cinco vezes maior que o trajeto entre Rio de Janeiro e São Paulo.

A França tem um PIB per capita acima dos 42000 dolares anuais, contra os 10840 dolares no Brasil. Soube aproveitar com inteligência, rapidez e eficácia todo o avanço tecnológico das última décadas. Produz mais que o Brasil, num território equivalente a 6% do nosso e com um terço da nossa população. O salário mínimo é cinco vezes superior ao brasileiro, a saúde pública é impecável e a classe C já emergiu a 100 anos atrás. O cidadão francês não sabe o que é um assalto a mão armada, e não tem a menor idéia do que possa ser um arrastão em prédios e condomínios. Nunca ouviu falar em firma reconhecida e desabamento de morros. Desconhece a existência de filas de onibus. A soma de todas as suas dificuldades, considerando-se a vida como ela é, parece uma brincadeira quando comparada à certos Brics, a começar pelo que é representado na letra B.


A França certamente tem complicações sérias, como o desemprego e a invasão de seu território pelos pobres do mundo que, por bem ou por mal, querem emigrar para lá. Tem uma paixão mal resolvida, e provavelmente sem solução, pelo "estado forte", a quem se atribui poderes incomparáveis.
Sarkozy até tentou mudar alguns quadros na política econômica e social da França, mas não conseguiu sequer diminiur os efeitos catastróficos causados por uma economia globalizada e refém dos mercados. Hollande, que carrega preconceitos quanto a sua candidatura, pelo fato de nunca ter se destacado em nada, parece o homem certo para tentar mudar esse panorama. Se vai conseguir, isso só o tempo vai dizer, mas a França tem a sorte de não precisar dos seus políticos para conservar tudo aquilo que já soube contruir.