segunda-feira, 8 de julho de 2013

Saúde Pública - Salve-se quem puder ou não precisar dela!


Esquenta o debate sobre a importação de médicos estrangeiros, como anunciou no dia 21 de junho a própria presidente da república, Dilma Rousseff, em pronunciamento nacional.
Dados do ministério da saúde apontam que o Brasil tem uma média de 1,8 médico a cada mil habitantes, contra 1,9 da Venezuela, 2,4 do México, 3,2 da Argentina e 6 para cada habitante em Cuba.

Resolvi então pesquisar o assunto para entender melhor o que pode estar por trás disso tudo. 

O Ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, anunciou que o país negocia com Cuba, um acordo para receber cerca de 6 mil médicos daquele país. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disse que o governo estuda um modelo de importar médicos de Portugal e Espanha, países que passam por uma crise econômica, e o número de médicos é elevado. 

A intenção do governo é atrair primeiramente médicos brasileiros que queiram trabalhar pelo interior do país e caso a mão de obra não seja suficiente, vai contratar os médicos de fora, com autorização de trabalho com tempo determinado. O governo anunciou que o valor dos salários serão em torno de R$ 10 mil reais. 

Percebo uma desconfiança enorme por parte do CFM (Conselho Federal de Medicina), quando o assunto é "médicos de Cuba". O próprio ministro da Saúde, concorda que a contratação deverá ser feita dentro dos padrões e respeitando as normas que hoje existem, como é o caso do Revalida.
Então porque essa "perseguição" contra os cubanos ?
Os Espanhóis e Portugueses não precisam do Revalida?

Acontece que não é de hoje que existe por parte do CFM uma certa incomodação com médicos estrangeiros, principalmente se eles forem de Cuba, Bolívia ou Venezuela. A necessidade de médicos pelo interior do país é emergencial, pois além do número de profissionais ser insuficientes, a parte financeira é considerada por muitos médicos brasileiros desinteressante. 
É preciso entender que o Brasil é um continente, e é impossível cobrir toda a área com os médicos que são formados a cada ano, primeiro pela exigência de algumas especialidades, segundo porque muitos não querem deixar a sua cidade e terceiro é que nos grandes centros, os salários são mais atrativos. 

Mas, e as condições de trabalho que os médicos alegam que pelo interior não existe? 

Um momento! Quer dizer que a estrutura dos hospitais de cidades como São Paulo e Rio de Janeiro está próximo aos do primeiro mundo e com excelentes condições de trabalho? O vídeo abaixo mostra exatamente o contrário do que os médicos dizem. 





Está claro que questões internas e menos importantes estão tomando conta desse debate. Está evidenciado que, em muitos casos, o corporativismo vem atrapalhando o desenvolvimento desse país, seja na Saúde, Educação ou qualquer outra pasta. 

Não podemos continuar permitindo que pessoas morram, seja no interior ou nas capitais, por falta de médicos. O profissional tem todo o direito de escolher onde ele quer atuar. Tem todo o direito de buscar melhores salários, mas não tem nenhum direito de dificultar a possibilidade de que outros atendam essas comunidades esquecidas e carentes do interior. O governo precisa sim tomar medidas urgentes e buscar corrigir esses problemas.

A maior desculpa, para defender a não vinda de médicos de fora, está na qualidade desses médicos. Como se os nossos médicos aqui fossem todos excelentes profissionais. Conheci profissionais de qualidade tão duvidosa que até seu companheiro de pronto socorro não seria capaz de se consultar com ele. 

Há muitos anos atrás eu quase morri, por um diagnóstico equivocado de um "Médico Brasileiro", que sequer pediu um exame mais detalhado, alegando ser uma "virose", quando na verdade era uma "Apendicite Aguda". Portanto, não me venha dizer que o problema está no médico ser Cubano, Peruano ou Haitiano. 

Até agora não vi nem o CFM nem a imprensa irem lá nas áreas mais carentes do Brasil perguntar o que a população sem acesso à saúde acha de virem 6000 médicos cubanos para atendê-los. Será que é melhor ficar sem médico do que ter médicos cubanos? É o óbvio que o ideal seria criar condições para que médicos brasileiros se sentissem estimulados a ir trabalhar no interior. Mas em um país das dimensões do Brasil e com a responsabilidade de tocar a medicina básica pulverizada nas mãos de centenas de prefeitos, isso não vai ocorrer de uma hora para outra.


É bom lembrar que Cuba exporta médicos para mais de 70 países. Os cubanos estão acostumados e aceitam trabalhar em condições muito inferiores. Aliás, é nisso que eles são bons. Eles fazem medicina preventiva em massa, que é muito mais barato, e com grandes resultados. Durante o terremoto do Haiti, quem evitou uma catástrofe ainda maior foram os médicos cubanos. Em poucas semanas os médicos dos países ricos deram no pé e deixaram centenas de milhares de pessoas sem auxílio médico. Se não fosse Cuba e seus médicos, haveria uma tragédia humanitária de proporções dantescas. Até o New England Journal of Medicine, a revista mais respeitada de medicina do mundo, fez há poucos meses um artigo sobre a medicina em Cuba. O destaque vai exatamente para a capacidade do país em fazer medicina de qualidade com recursos baixíssimos (http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMp1215226).



Enquanto alguns "gestores" querem nos convencer que o melhor é NÃO trazer médicos de fora, nossa gente está morrendo pelos cantos desse imenso país. Gente que sequer foi ouvida, porque obviamente não está preocupada se quem vai atende-los é um médico do Brasil ou de Cuba. Eles querem viver!

As filas só aumentam e o tempo de espera para uma consulta com especialistas pelo interior do país pode chegar a 8 meses. Em 2004 o posto de saúde da cidade de Salgueiro, em Pernambuco, entrou em contato com uma paciente que tinha agendado uma consulta, por apresentar um problema renal. Seu filho atendeu o telefone e informou que ela tinha falecido a dois meses. Esse é o cenário atual e não podemos permitir por vaidade, interesse ou qualquer outro motivo, que pessoas continuem morrendo.

Que venham os médicos, seja do Brasil, de Cuba, do Alasca ou do Butão.



"Ó Brasil meu País, que possuem lindas praias varonis, mas também grandes farsas viris e essa gente acha que é feliz; Ó Brasil minha terra sua gente sempre está em guerra, subindo e descendo a serra, e mesmo assim a luta nunca se encerra; Ó Brasil do Oiapóque ao Chuí, um dia irá conseguir, essa desgraça social diminuir e sua gente só irá sorrir de "essa gente" te permitir".. (André Drumond).


domingo, 30 de junho de 2013

O Brasil foi campeão?




O Brasil foi campeão!

Sim, ganhamos a Copa das Confederações. Uma preliminar da Copa do Mundo, que tem o objetivo de fazer um "esquenta", antes do maior evento do futebol mundial. 
Precisávamos muito dessa vitória, primeiro porque estávamos desacreditados quanto as reais possibilidades de brigar pelo titulo em 2014 e depois porque muitos adversários já olhavam para a nossa seleção, como se fossemos o Haiti ou a Bolívia. 

Ganhamos com propriedade da melhor seleção do momento, a Espanha! 
Apesar de ter feito uma grande copa, a Espanha se rendeu ao nosso futebol. E olha que tinha muita gente, inclusive brasileiros, duvidando da possibilidade da vitória canarinha.
Pobres criaturas essas.
O Brasil, por pior que esteja, deveria ter o apoio do seu povo, em eventos como este. 

Ouvi gente dizendo que isso seria bom para o governo, que não aguenta mais as manifestações e que estava torcendo por uma vitória da seleção para "abafar" os problemas atuais. Gente mal informada, que disse inclusive que o partido do governo estaria mal intencionado e por isso teria oferecido dinheiro para a Espanha perder o jogo. 
Quanta estupidez e mediocridade desses fascistas de ocasião!
Como se a Espanha precisasse disso ou fosse capaz de aceitar tal proposta.
Como se o governo, num momento de exposição mundial e com vários setores "vigiando" sua atuação, fosse  ter a ingenuidade e até coragem de realizar este feito. Não meus caros, isso não seria possível nesse momento. 

Estamos passando por uma transformação importante. Dentro e fora do nosso futebol. É preciso acima de tudo a mudança de mentalidade, para que o país avance realmente e não apenas momentaneamente, como querem alguns. A mentalidade deve vir de todos os setores e não esperar que venha apenas dos governos e/ou políticos. É preciso entender o contexto e se incluir nele, como parte importante e insubstituível. Sim, porque cada um precisa ter a real noção do seu papel na sociedade. 
Lembra das condutas éticas: Não subornar, não buscar se favorecer em situações comuns, respeitar o direito dos idosos e deficientes, não furar filas, não estacionar em vagas determinadas por lei, se beber não dirija e por aí vai. 

Nossa sociedade precisa aproveitar esse momento e buscar mudanças de conduta e principalmente de identidade ética e humana, coisa que não vemos a décadas. Só reclamar, buzinar, ofender, acusar, menosprezar ou se indignar, já não é o suficiente. 

Tenho minhas ressalvas contra a gestão de algumas pastas do atual governo (federal), mas preciso ter senso de justiça e inteligência para saber que a corrupção, incompetência ou inércia, não foram inventados por eles. E olha, que nas manifestações, vi muita gente levantando uma bandeira contra partidos e não contra modelos de gestão política. Contra os partidos é bem mais fácil, você acusa um, substitui e pronto. Na teoria sim, mas os problemas voltam porque o sistema não foi revisto e nem repensado. 

Volto a insistir que a mudança deve envolver a todos e não esperar que alguns de uma hora para outra resolva nossos problemas, que foram causados durantes décadas e décadas por lacaios ou incompetentes. 

Termino citando uma frase da música de Gabriel o Pensador: "Muda, que quando a gente muda o mundo muda com a gente. A gente muda o mundo, na mudança da mente (atitudes) e quando a mente muda a gente anda pra frente, e quando a gente manda, ninguém manda na gente"!

Não adianta olhar pro céu, como muita fé e pouca luta!! Vamos que a hora é agora! 





quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Um País de uma torcida "só"

O texto a seguir não tem autoria, foi extraído da internet, mas reflete bem o momento da nossa ainda frágil democracia brasileira. 

Vale a pena a leitura!  



"Um desabafo de torcedor e cidadão.

Sou corintiano, casado e tenho 31 anos de idade. 

A tragédia de quarta na Bolívia domina as manchetes dos jornais. Antes dela ocorreram outras inúmeras tragédias e parece que nada muda.

A punição dada ao clube (Corinthians) tem que ser cumprida e não deve ser questionada. Um ano sem torcida no estádio, em um único campeonato é muito pouco para uma vida perdida. Alias qualquer punição dada a qualquer pessoa não vale uma vida perdida.

Ao idiota que levou o rojão ou sinalizador ao estádio (no mínimo totalmente imprudente ou sem nada na cabeça), que a lei seja cumprida e ele seja punido por homicídio culposo (sem a intenção de matar). Assumiu o risco de manipular algo que pode matar, em um local publico.

Que a presidente não ouça os apelos de ajuda desses marginais e não de auxilio a mais ao que qualquer brasileiro que comete crimes no exterior merece. 

Aos clubes, que prestem mais atenção aos torcedores que financiam e ao que eles aprontam dentro e fora dos estádios. A linda imagem construída nos últimos três anos com títulos e mais títulos ficará manchada.

Que em qualquer dia tenhamos paz entre torcidas ou paz das pessoas que não ligam para futebol. 

Que quem vai trabalhar volte em segurança para casa sem ser assaltado ou assassinado. Que bandidos sejam punidos em qualquer esfera, o lugar deles é na cadeia e não nas ruas e estádios colocando medo nas pessoas de bem.

Só criaremos uma sociedade realmente justa no momento em que as punições realmente acontecerem e forem cumpridas. 

Não adianta pedir para tirar o Renan da presidência do senado e bater em torcedor de torcida rival ou mesmo justificar o voto para pegar uma bela praia.

Não adianta vibrar com democracia e ser contra a manifestação de uma blogueira que pede apenas liberdade de expressão em sua pátria (que vive uma ditadura disfarçada de socialismo).

O jeitinho brasileiro para tudo já deu, cansou, está apenas nos atrapalhando. 

Dizemos que temos "jogo de cintura" para diversas situações, quando na verdade muitas vezes esse jogo de cintura nada mais é do que passar por cima de normas e leis, sempre prejudicando alguém.

Um erro não justifica o outro. Se não houve punição até agora, que comece a ocorrer punição e não pare mais. Que as pessoas que andam dentro da lei tenham a proteção da justiça contra quem tenta infringir a lei. 

A criança morta no estádio, o idoso que morre sem ajuda no hospital ou o pai de família assassinado no transito pode ser um familiar seu ou meu. 

Todo o dia acontece em todos os lugares. A injustiça reina no Brasil e na América do Sul. Ficamos calados e continuamos nossas vidas com medo, subindo os muros de nossas casas e nos trancando cada vez mais em nossos pequenos “fortes”.

Não adianta colocar a culpa na rede Globo, na CBF, nos deputados e na presidente. 

Eles só tem o sucesso que tem ou estão nos cargos que estão devido ao seu voto, a sua audiência ou a sua preferência. 

Nós podemos mudar isso, quem elege os políticos somos nós. Você tem o controle remoto e pode mudar de canal. Temos o dever de cobrar a punição seja do mensaleiro, do torcedor ou do traficante.

Que seja o inicio de uma profunda mudança na sociedade. 

Toda grande tragédia tende a trazer mudanças. Que a boate Kiss não seja esquecida, que a menina atropelada ano passado pelo adolescente de jet-ski não seja esquecida. Todos esses eventos tem algo em comum: o desrespeito a lei e a sociedade e o nosso medo da impunidade prevalecer.

Mesmo ocorrendo na Bolívia, essa ultima tragédia brasileira repercute demais no Brasil, pois serão milhares punidos sem poder ver seu time dentro do estádio. Punição coletiva, que a mudança de comportamento também seja coletiva. 

Como disse o técnico Tite, trocaria o titulo mundial pela vida de um jovem de 14 anos que queria apenas se divertir. 

Que a tragédia traga mudanças positivas não só para o futebol, mas para todo nosso país."

(Anonimo)