segunda-feira, 8 de julho de 2013

Saúde Pública - Salve-se quem puder ou não precisar dela!


Esquenta o debate sobre a importação de médicos estrangeiros, como anunciou no dia 21 de junho a própria presidente da república, Dilma Rousseff, em pronunciamento nacional.
Dados do ministério da saúde apontam que o Brasil tem uma média de 1,8 médico a cada mil habitantes, contra 1,9 da Venezuela, 2,4 do México, 3,2 da Argentina e 6 para cada habitante em Cuba.

Resolvi então pesquisar o assunto para entender melhor o que pode estar por trás disso tudo. 

O Ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, anunciou que o país negocia com Cuba, um acordo para receber cerca de 6 mil médicos daquele país. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disse que o governo estuda um modelo de importar médicos de Portugal e Espanha, países que passam por uma crise econômica, e o número de médicos é elevado. 

A intenção do governo é atrair primeiramente médicos brasileiros que queiram trabalhar pelo interior do país e caso a mão de obra não seja suficiente, vai contratar os médicos de fora, com autorização de trabalho com tempo determinado. O governo anunciou que o valor dos salários serão em torno de R$ 10 mil reais. 

Percebo uma desconfiança enorme por parte do CFM (Conselho Federal de Medicina), quando o assunto é "médicos de Cuba". O próprio ministro da Saúde, concorda que a contratação deverá ser feita dentro dos padrões e respeitando as normas que hoje existem, como é o caso do Revalida.
Então porque essa "perseguição" contra os cubanos ?
Os Espanhóis e Portugueses não precisam do Revalida?

Acontece que não é de hoje que existe por parte do CFM uma certa incomodação com médicos estrangeiros, principalmente se eles forem de Cuba, Bolívia ou Venezuela. A necessidade de médicos pelo interior do país é emergencial, pois além do número de profissionais ser insuficientes, a parte financeira é considerada por muitos médicos brasileiros desinteressante. 
É preciso entender que o Brasil é um continente, e é impossível cobrir toda a área com os médicos que são formados a cada ano, primeiro pela exigência de algumas especialidades, segundo porque muitos não querem deixar a sua cidade e terceiro é que nos grandes centros, os salários são mais atrativos. 

Mas, e as condições de trabalho que os médicos alegam que pelo interior não existe? 

Um momento! Quer dizer que a estrutura dos hospitais de cidades como São Paulo e Rio de Janeiro está próximo aos do primeiro mundo e com excelentes condições de trabalho? O vídeo abaixo mostra exatamente o contrário do que os médicos dizem. 





Está claro que questões internas e menos importantes estão tomando conta desse debate. Está evidenciado que, em muitos casos, o corporativismo vem atrapalhando o desenvolvimento desse país, seja na Saúde, Educação ou qualquer outra pasta. 

Não podemos continuar permitindo que pessoas morram, seja no interior ou nas capitais, por falta de médicos. O profissional tem todo o direito de escolher onde ele quer atuar. Tem todo o direito de buscar melhores salários, mas não tem nenhum direito de dificultar a possibilidade de que outros atendam essas comunidades esquecidas e carentes do interior. O governo precisa sim tomar medidas urgentes e buscar corrigir esses problemas.

A maior desculpa, para defender a não vinda de médicos de fora, está na qualidade desses médicos. Como se os nossos médicos aqui fossem todos excelentes profissionais. Conheci profissionais de qualidade tão duvidosa que até seu companheiro de pronto socorro não seria capaz de se consultar com ele. 

Há muitos anos atrás eu quase morri, por um diagnóstico equivocado de um "Médico Brasileiro", que sequer pediu um exame mais detalhado, alegando ser uma "virose", quando na verdade era uma "Apendicite Aguda". Portanto, não me venha dizer que o problema está no médico ser Cubano, Peruano ou Haitiano. 

Até agora não vi nem o CFM nem a imprensa irem lá nas áreas mais carentes do Brasil perguntar o que a população sem acesso à saúde acha de virem 6000 médicos cubanos para atendê-los. Será que é melhor ficar sem médico do que ter médicos cubanos? É o óbvio que o ideal seria criar condições para que médicos brasileiros se sentissem estimulados a ir trabalhar no interior. Mas em um país das dimensões do Brasil e com a responsabilidade de tocar a medicina básica pulverizada nas mãos de centenas de prefeitos, isso não vai ocorrer de uma hora para outra.


É bom lembrar que Cuba exporta médicos para mais de 70 países. Os cubanos estão acostumados e aceitam trabalhar em condições muito inferiores. Aliás, é nisso que eles são bons. Eles fazem medicina preventiva em massa, que é muito mais barato, e com grandes resultados. Durante o terremoto do Haiti, quem evitou uma catástrofe ainda maior foram os médicos cubanos. Em poucas semanas os médicos dos países ricos deram no pé e deixaram centenas de milhares de pessoas sem auxílio médico. Se não fosse Cuba e seus médicos, haveria uma tragédia humanitária de proporções dantescas. Até o New England Journal of Medicine, a revista mais respeitada de medicina do mundo, fez há poucos meses um artigo sobre a medicina em Cuba. O destaque vai exatamente para a capacidade do país em fazer medicina de qualidade com recursos baixíssimos (http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMp1215226).



Enquanto alguns "gestores" querem nos convencer que o melhor é NÃO trazer médicos de fora, nossa gente está morrendo pelos cantos desse imenso país. Gente que sequer foi ouvida, porque obviamente não está preocupada se quem vai atende-los é um médico do Brasil ou de Cuba. Eles querem viver!

As filas só aumentam e o tempo de espera para uma consulta com especialistas pelo interior do país pode chegar a 8 meses. Em 2004 o posto de saúde da cidade de Salgueiro, em Pernambuco, entrou em contato com uma paciente que tinha agendado uma consulta, por apresentar um problema renal. Seu filho atendeu o telefone e informou que ela tinha falecido a dois meses. Esse é o cenário atual e não podemos permitir por vaidade, interesse ou qualquer outro motivo, que pessoas continuem morrendo.

Que venham os médicos, seja do Brasil, de Cuba, do Alasca ou do Butão.



"Ó Brasil meu País, que possuem lindas praias varonis, mas também grandes farsas viris e essa gente acha que é feliz; Ó Brasil minha terra sua gente sempre está em guerra, subindo e descendo a serra, e mesmo assim a luta nunca se encerra; Ó Brasil do Oiapóque ao Chuí, um dia irá conseguir, essa desgraça social diminuir e sua gente só irá sorrir de "essa gente" te permitir".. (André Drumond).


domingo, 30 de junho de 2013

O Brasil foi campeão?




O Brasil foi campeão!

Sim, ganhamos a Copa das Confederações. Uma preliminar da Copa do Mundo, que tem o objetivo de fazer um "esquenta", antes do maior evento do futebol mundial. 
Precisávamos muito dessa vitória, primeiro porque estávamos desacreditados quanto as reais possibilidades de brigar pelo titulo em 2014 e depois porque muitos adversários já olhavam para a nossa seleção, como se fossemos o Haiti ou a Bolívia. 

Ganhamos com propriedade da melhor seleção do momento, a Espanha! 
Apesar de ter feito uma grande copa, a Espanha se rendeu ao nosso futebol. E olha que tinha muita gente, inclusive brasileiros, duvidando da possibilidade da vitória canarinha.
Pobres criaturas essas.
O Brasil, por pior que esteja, deveria ter o apoio do seu povo, em eventos como este. 

Ouvi gente dizendo que isso seria bom para o governo, que não aguenta mais as manifestações e que estava torcendo por uma vitória da seleção para "abafar" os problemas atuais. Gente mal informada, que disse inclusive que o partido do governo estaria mal intencionado e por isso teria oferecido dinheiro para a Espanha perder o jogo. 
Quanta estupidez e mediocridade desses fascistas de ocasião!
Como se a Espanha precisasse disso ou fosse capaz de aceitar tal proposta.
Como se o governo, num momento de exposição mundial e com vários setores "vigiando" sua atuação, fosse  ter a ingenuidade e até coragem de realizar este feito. Não meus caros, isso não seria possível nesse momento. 

Estamos passando por uma transformação importante. Dentro e fora do nosso futebol. É preciso acima de tudo a mudança de mentalidade, para que o país avance realmente e não apenas momentaneamente, como querem alguns. A mentalidade deve vir de todos os setores e não esperar que venha apenas dos governos e/ou políticos. É preciso entender o contexto e se incluir nele, como parte importante e insubstituível. Sim, porque cada um precisa ter a real noção do seu papel na sociedade. 
Lembra das condutas éticas: Não subornar, não buscar se favorecer em situações comuns, respeitar o direito dos idosos e deficientes, não furar filas, não estacionar em vagas determinadas por lei, se beber não dirija e por aí vai. 

Nossa sociedade precisa aproveitar esse momento e buscar mudanças de conduta e principalmente de identidade ética e humana, coisa que não vemos a décadas. Só reclamar, buzinar, ofender, acusar, menosprezar ou se indignar, já não é o suficiente. 

Tenho minhas ressalvas contra a gestão de algumas pastas do atual governo (federal), mas preciso ter senso de justiça e inteligência para saber que a corrupção, incompetência ou inércia, não foram inventados por eles. E olha, que nas manifestações, vi muita gente levantando uma bandeira contra partidos e não contra modelos de gestão política. Contra os partidos é bem mais fácil, você acusa um, substitui e pronto. Na teoria sim, mas os problemas voltam porque o sistema não foi revisto e nem repensado. 

Volto a insistir que a mudança deve envolver a todos e não esperar que alguns de uma hora para outra resolva nossos problemas, que foram causados durantes décadas e décadas por lacaios ou incompetentes. 

Termino citando uma frase da música de Gabriel o Pensador: "Muda, que quando a gente muda o mundo muda com a gente. A gente muda o mundo, na mudança da mente (atitudes) e quando a mente muda a gente anda pra frente, e quando a gente manda, ninguém manda na gente"!

Não adianta olhar pro céu, como muita fé e pouca luta!! Vamos que a hora é agora! 





quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Um País de uma torcida "só"

O texto a seguir não tem autoria, foi extraído da internet, mas reflete bem o momento da nossa ainda frágil democracia brasileira. 

Vale a pena a leitura!  



"Um desabafo de torcedor e cidadão.

Sou corintiano, casado e tenho 31 anos de idade. 

A tragédia de quarta na Bolívia domina as manchetes dos jornais. Antes dela ocorreram outras inúmeras tragédias e parece que nada muda.

A punição dada ao clube (Corinthians) tem que ser cumprida e não deve ser questionada. Um ano sem torcida no estádio, em um único campeonato é muito pouco para uma vida perdida. Alias qualquer punição dada a qualquer pessoa não vale uma vida perdida.

Ao idiota que levou o rojão ou sinalizador ao estádio (no mínimo totalmente imprudente ou sem nada na cabeça), que a lei seja cumprida e ele seja punido por homicídio culposo (sem a intenção de matar). Assumiu o risco de manipular algo que pode matar, em um local publico.

Que a presidente não ouça os apelos de ajuda desses marginais e não de auxilio a mais ao que qualquer brasileiro que comete crimes no exterior merece. 

Aos clubes, que prestem mais atenção aos torcedores que financiam e ao que eles aprontam dentro e fora dos estádios. A linda imagem construída nos últimos três anos com títulos e mais títulos ficará manchada.

Que em qualquer dia tenhamos paz entre torcidas ou paz das pessoas que não ligam para futebol. 

Que quem vai trabalhar volte em segurança para casa sem ser assaltado ou assassinado. Que bandidos sejam punidos em qualquer esfera, o lugar deles é na cadeia e não nas ruas e estádios colocando medo nas pessoas de bem.

Só criaremos uma sociedade realmente justa no momento em que as punições realmente acontecerem e forem cumpridas. 

Não adianta pedir para tirar o Renan da presidência do senado e bater em torcedor de torcida rival ou mesmo justificar o voto para pegar uma bela praia.

Não adianta vibrar com democracia e ser contra a manifestação de uma blogueira que pede apenas liberdade de expressão em sua pátria (que vive uma ditadura disfarçada de socialismo).

O jeitinho brasileiro para tudo já deu, cansou, está apenas nos atrapalhando. 

Dizemos que temos "jogo de cintura" para diversas situações, quando na verdade muitas vezes esse jogo de cintura nada mais é do que passar por cima de normas e leis, sempre prejudicando alguém.

Um erro não justifica o outro. Se não houve punição até agora, que comece a ocorrer punição e não pare mais. Que as pessoas que andam dentro da lei tenham a proteção da justiça contra quem tenta infringir a lei. 

A criança morta no estádio, o idoso que morre sem ajuda no hospital ou o pai de família assassinado no transito pode ser um familiar seu ou meu. 

Todo o dia acontece em todos os lugares. A injustiça reina no Brasil e na América do Sul. Ficamos calados e continuamos nossas vidas com medo, subindo os muros de nossas casas e nos trancando cada vez mais em nossos pequenos “fortes”.

Não adianta colocar a culpa na rede Globo, na CBF, nos deputados e na presidente. 

Eles só tem o sucesso que tem ou estão nos cargos que estão devido ao seu voto, a sua audiência ou a sua preferência. 

Nós podemos mudar isso, quem elege os políticos somos nós. Você tem o controle remoto e pode mudar de canal. Temos o dever de cobrar a punição seja do mensaleiro, do torcedor ou do traficante.

Que seja o inicio de uma profunda mudança na sociedade. 

Toda grande tragédia tende a trazer mudanças. Que a boate Kiss não seja esquecida, que a menina atropelada ano passado pelo adolescente de jet-ski não seja esquecida. Todos esses eventos tem algo em comum: o desrespeito a lei e a sociedade e o nosso medo da impunidade prevalecer.

Mesmo ocorrendo na Bolívia, essa ultima tragédia brasileira repercute demais no Brasil, pois serão milhares punidos sem poder ver seu time dentro do estádio. Punição coletiva, que a mudança de comportamento também seja coletiva. 

Como disse o técnico Tite, trocaria o titulo mundial pela vida de um jovem de 14 anos que queria apenas se divertir. 

Que a tragédia traga mudanças positivas não só para o futebol, mas para todo nosso país."

(Anonimo)

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

As cidades, sua gente e seus recomeços

Começou a chover, e nós, mortais, acostumados com o abafado da metrópole, cinza e quente, começamos a contemplar a tal chuva. Ela foi aumentando, aumentando e nem nos dávamos conta aonde ela iria chegar. Queríamos apenas que ela refrescasse ou fizesse a poeria baixar, só isso, pronto, está ótimo!
Mas ela queria mais, queria inundar nossos corações, para podermos entender que não é a natureza a causadora das grandes mudanças ou em alguns casos, grandes catástrofes. É o homem..

Produzindo mais carros e poluindo a atmosfera, afinal, o progresso está aí, e não podemos parar a máquina da evolução econômica, ou seria evolução humana? Mas que evolução é essa, que exclui seus atores?

Deixamos de perceber o simples e começamos a olhar para o futuro com uma paralisia cerebral desconhecida ou cega. O homem não pensa no que acontece a sua volta, mas planeja o futuro como se não tivesse que enfrentar o presente. O presente e suas consequências! 



E aonde iremos chegar? Para qual direção devemos seguir? ou simplesmente, porque?
Nada de planejamento, nem de precaução, nada de pensar no pior ou nos problemas que poderemos enfrentar no futuro, caso nossas atitudes sejam levianas e incompetentes, afinal, vivemos assim até hoje e não vai ser agora que as coisas vão piorar. E o mundo, viveu até agora com esses homens tomando decisões "equivocadas" e "corporativas", cheias de interesses. E ai de alguém que se levantar contra isso, apontando os problemas ou querendo mudar o rumo da prosa.

A chuva causa estragos, derruba pontes, invade comércios, destrói lares, famílias e sonhos. E quando percebemos já é tarde demais e tudo se foi. O que demorou anos e anos construindo, a "chuva" levou em instantes. "Chuva maldita", "chuva insensível", "chuva burguesa", que leva o pouco que foi conquistado, por quem tinha tão pouco a levar consigo. Deixando na mão, que tinha apenas os braços para carregar o que sobrou. E assim, mais um vez, vamos ter que começar tudo novamente, afinal, somos um povo guerreiro, que crescemos nas adversidades e estamos sempre prontos a recomeçar. 

De onde será que vem essa afirmação? Será que Eike Batista, Antônio Ermírio ou Abílio Diniz recomeçaram várias vezes suas vidas? Estilhaçadas pela falta de planejamento ou de bom senso ou simplesmente falta de competência de alguém? Não, certamente, não! Nesse mundo, quem paga sempre o pato é o pobre. Aquele que precisa se reinventar cada vez que alguém do poder ou da elite toma uma decisão errada e inconsequente.



Aquele que muda de lugar, que buscar o melhor para os seus, que vai atrás do incerto, sonhando com o dia em que seu filho possa viver sem medo de viver, ou em ter que encarar o que ninguém sabe bem o que é.
O simples é suficiente, quando junto vem a paz e a benção de estar entre aqueles que amamos. 

Vamos deixando de lado valores importantes e a cada dia percebemos que o "Eu" está acima do "Nós", ou que "Eu posso" é maior e melhor do que "Nós podemos". 
E esquecemos da frase "Nenhum de nós é tão bom quanto todos nós juntos". E vem as frustrações, inseguranças da vida jovem e adulta e nos deparamos com o tal do "Bullying", que não é tão novo assim, mas voltou a moda e ganhou status de problemas da juventude do século XXI. 

E nos importamos? Procuramos uma solução, ou nos contentamos com o "é o que tem pra hoje" ? 

E não cuidamos das ruas, e não cuidamos das escolas, e não cuidamos da saúde, e não cuidamos dos córregos, e não cuidamos da segurança, e não cuidamos dos transportes, e não cuidamos dos idosos, e não cuidamos das crianças, e não pensamos no futuro de ninguém e no final, não cuidamos de nós mesmos. E Eles, não irão cuidar!! 

Poder, poder e só pelo poder! 
Até quando ?
Responda você!  





quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Lula x FHC - Parte 2

(Parte 1) ..Naquele momento a vida havia se tornado melhor para a classe trabalhadora que com a estabilidade e controle da inflação, podia planejar melhor seus investimentos e controlar suas despesas sem surpresas. Claro que muitas questões ainda precisavam ser levantadas e corrigidas e irei detalhar melhor essas questões nas partes 2 e 3. 


Parte 2 

Após a estabilização econômica e o controle da inflação, o governo FHC começou a movimentar outras áreas importantes e urgentes da sua gestão, como saúde, educação, reformas do estado e administrativa e da previdência. Este último acabou sendo deixado de lado e não foi concluído sequer 20% do que era planejado. 

Na Saúde desenvolveu ações importantes, como o mutirão da saúde, que levava medicamentos e assistência as comunidades mas carentes e distantes dos grandes centros, mas que foi criticado por não atender nem 30% da população necessitada. Outro ponto importante e determinante para a aprovação do governo, foi o combate a Aids e a quebra das patentes dos medicamentos. A popularização dos genéricos, como ficou conhecido, mudou o rumo das comercializações e monopólios das indústrias farmacêuticas no Brasil, gerando inclusive, um mal estar entre Brasil e Estados Unidos na época. 

Na Educação criou o FUNDEF (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental), que no governo Lula seria ampliado e rebatizado com o nome FUNDEB (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica), com sua vigência programada até 2019.
Esse fundo tinha como objetivo destinar recursos para o ensino fundamental e sua vigência seria até 2006, quando o FUNDEB foi implantado. O presidente Lula não só implantou, como conseguiu ampliar os valores que seriam destinados, aumentando os investimentos na educação básica. Com isso, além do investimento nos alunos, os professores também ganhariam, uma vez que o governo melhorou a distribuição dos recursos e os municípios passaram a capacitar os professores de forma continua. 

Na Reforma Administrativa e do Estado, o governo FHC "bateu de frente" com o funcionalismo público, de maneira que os salários foram congelados, pois o governo precisa aumentar o controle dos gastos, pois caso contrário o fantasma da inflação poderia voltar e comprometer todo o trabalho. Luis Carlos Bresser Pereira era o ministro responsável por fazer as mudanças necessárias e acabou esbarrando nos interesses dos agricultores e dos industriais. Era difícil mexer num sistema que estava operante desde os meados da década de 60 e que trazia benefícios e "privilégios" para alguns setores.

FHC sabia que se não tivesse sucesso nas reformas, dificilmente venceria outros desafios do seu plano de governo. Seu objetivo central seria reformar um governo burocrático e insatisfatório diante das novas exigências, o que provocava uma combinação perversa entre serviços de baixa qualidade e alto custo. Era necessário, portanto, uma reforma gerencial que trouxesse à Administração Pública maior flexibilidade, agilidade, eficácia e eficiência. 
"É importante destacar que, durante a década de 1980 e o início dos anos de 1990, o estado brasileiro veio perdendo progressivamente sua capacidade em promover o desenvolvimento econômico e social por uma série de fatores, como instabilidade econômica, alta inflação e descontrole do gasto público"(Bolívar Lamounier e Rubens Figueiredo).

Nessa área, o presidente Lula fez mudanças pouco eficientes, inclusive aumentou os gastos e os benefícios com o funcionalismo público, comprometendo o crescimento do PIB e reduzindo os investimentos de infraestrutura. Investimentos que só seriam retomados com a implantação do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) em 2007. 

De maneira geral os dois governos ampliaram o debate sobre as questões Econômico/Social, mas é inegável que o governo Lula, teve mais subsídios para investir melhor nas prioridades, já que não precisava fazer ajustes fiscais tão frequentes como no "pós estabilização econômica e controle inflacionário". Seu governo investiu bilhões no intuito de corrigir as desigualdades e melhorar a vida da população pobre e esquecida por governos anteriores. Os programas de governo que visavam incluir as classes C e D no mundo do consumo, tinha planos bem traçados, porém pouco efetivos num primeiro momento, pois era preciso vincular os recebimentos de maneira eficiente e transparente. Foi muito criticado por conservadores e por membros da sociedade civil que afirmavam que o plano era assistencialista e eleitoreiro. Em alguns casos poderia ser, mas ninguém na história desse país investiu tanto e melhorou de maneira substancial a vida de milhões. 

Muitas coisas ainda estavam por vir e os questionamentos sobre os pontos positivos e negativos dos dois governos foram ampliados em vários debates da sociedade civil, seja na internet, universidades ou encontros sindicais. O importante é que tanto FHC quanto Luis Inácio deram uma contribuição importante ao desenvolvimento econômico e social nesse país e outros pontos ainda serão abordados. Aguardem a parte 3.

Um abraço,







segunda-feira, 15 de outubro de 2012

O Papel do Professor

Uma pergunta que sempre ficou "grampeada" em minha cabeça. Qual é exatamente o papel do professor? 

Para o psicólogo russo, Lev S. Vygotsky, as palavras partilhadas socialmente seguem uma trajetória na formação intelectual das crianças no sentido de constituírem conceitos. Esse pensador tinha como centro, a necessidade de formar a  cidadania e criar responsabilidade social nas crianças desde pequenas. 
Vygostsky é um pensador interacionista como Piaget e sua questão central é a aquisição de conhecimentos pela interação do sujeito com o meio. Por isso ele é chamado de sociointeracionista, e não apenas de interacionista, como Piaget. 

Organizando internamente as experiências que recebe do meio, o indivíduo lhes atribuirá novos significados, negociando suas próprias interpretações com as dos outros. Dessa forma, ele permite entender melhor o meio social e reinterpretar os valores, as idéias e os conflitos que foram constituídos histórica e socialmente.
Todo esse processo de reconstrução do mundo por meio da apropriação dos conceitos aprendidos socialmente inicia-se nos primeiros anos de vida. A criança recontrói internamente as atividades externas que realiza com outras pessoas e objetos. Mas porque tudo isso? 

O papel do professor ganha grande importância, não apenas em reproduzir conteúdos, mas principalmente em articular e mediar conceitos espontâneos da criança e conceitos científicos. Todas essas experiências auxiliarão no desenvolvimento do aluno e facilitarão o conhecimento da realidade fisica e social. 
A mediação do professor permitirá que os alunos saiam do plano do conhecimento informal que já trazem consigo para a escola e cheguem ao conhecimento formal, resultado das negociações e sistematizações feitas em classe. 

Hoje, o professor se tornou um agente do conhecimento, mas não necessáriamente um reprodutor de informações e sim um gestor, que além de conhecimento técnico precisa entender o todo, os alunos e suas necessidades, as famílias e suas frustrações, afim de minimizar em sala de aula os efeitos causados pela vida externa, ou seja, fora da escola. É um desafio e tanto, numa sociedade que cobra resultados imediatos e aonde a família está cada vez mais distantes das suas obrigações. O professor absorveu, por uma necessidade da nova vida cotidiana, uma tarefa árdua e perigosa, num mundo onde as responsabilidades foram passadas todas para a escola.



Devemos apoiar ou criticar?  No mínimo devemos conhecer o trabalho desses profissionais, ao invés de pensar que só reclamam de salários ou que são meros "coitados". Penso que o pouco de ética que ainda existe no mercado, é fruto da dedicação de profissionais como esses GRANDES PROFESSORES!



Vamos a luta, o desafio é enorme! 
Parabéns Mestres..

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Lula x FHC - Parte 1

Começo esse texto fazendo uma pergunta objetiva. Quem foi melhor, Lula ou FHC?

Em 3 partes irei expor as participações políticas e suas realizações, sem a intenção de denegrir a imagem de nenhum dos dois. Tanto Fernando Henrique quanto Luiz Inácio, tiveram grande importância no cenário político brasileiro e certamente cometeram erros e acertos. 

O Início

Acompanho política desde os meus 15 anos, quando Fernando Collor de Melo disputava com Luiz Inácio Lula da Silva a vaga ao posto de presidente da república. Estava começando a me interessar por um assunto tão complexo naquela época. Mas vamos voltar um pouco no tempo.

José Sarney era o presidente anterior, que ficou conhecido por tentar implementar programas de pouca eficiência, como a criação da Sunab e seus famosos fiscais, que tinham a função de "fiscalizar" os abusos praticados pelo comércio em geral. Numa época onde a inflação atingia números astronômicos, em torno de 350% ao ano, todas as tentativas acabavam fracassando por várias razões. Do ponto de vista econômico, o governo Sarney foi bastante conturbado. Herdeiro dos problemas gerados pelo modelo de desenvolvimento econômico estabelecido durante o regime militar e agravado pelas sucessivas crises internacionais, o governo elaborou vários planos para combater a inflação e estabilizar a economia. Sem a estabilização, nada adiantaria, já que os altos juros, engoliam os salários e o poder de compra dos trabalhadores era zero. 



Veio então a era Collor, sem muito sucesso nessa área, pois a inflação não parava de crescer, chegando em 1989 (805% ano), 1990 (1689,87% ano), 1991 (458,38% ano) e 1992, em seu último ano de mandato, pois sofreria o impeachment, a inflação ficou em (1174,67% ano). Era preciso fazer algo urgente!

Assim que o vice presidente Itamar Franco assumiu no lugar de Fernando Collor, realizou algumas mudanças em seus ministérios. Uma delas aconteceu em maio de 1993, quando Fernando Henrique Cardoso assumiu a pasta da fazenda e ficou encarregado de resolver essa "bucha" que se arrastava por décadas. 
Nesse período, começou a implantar o Plano Real, que foi dividido em três etapas, sendo as duas primeiras implantadas enquanto era ministro. Resumidamente falando, a primeira etapa foi controlar os gastos públicos, na segunda criou a URV - Unidade Real de Valor, já prevendo sua posterior transformação no real, uma jogada de mestre. Venceu Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 1994, já que gozava de boa popularidade em função do trabalho de estabilização da moeda e assim que assumiu a presidência, em janeiro de 1995, iniciou a terceira etapa.

O sucesso do plano real foi imediato. Em 1993 o IPCA havia registrado alta de 2477,15%, já em 1995 o IPCA apresentou um valor de 22,41% e este valor foi caindo até chegar ao recorde de 1,66% em 1998 (Dados IBGE). O fantasma da Hiper Inflação finalmente seria derrotado. Tanto que FHC com índices de popularidade significativa seria reeleito já no primeiro turno com 53,06% dos votos, contra 31,71% do seu adversário, Luiz Inácio. Este só conseguiu derrotar FHC nos estados do Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.

Após a estabilização econômica e controle da inflação, FHC iniciou uma nova etapa, que seria a reforma do estado, promovida em seus dois mandatos e que faria um controle rigoroso das contas públicas e dos gastos com o funcionalismo. 
Fernando Henrique conseguiu a aprovação de várias emendas que facilitaram a entrada de empresas estrangeiras no brasil, com o intuito de acirrar a concorrência interna e diminuir preços. Foi muito criticado pela oposição e por alguns empresários que estavam renegociando suas dividas, uma vez que a abertura agravou a crise em alguns setores, pouco produtivos, em função da chegada de empresas mais sólidas e competitivas. 
O setor mais beneficiado com essa abertura foi o das telecomunicações, fazendo por exemplo, o valor de aquisição de uma linha fixa de telefone, que antes custava R$ 8.994,66, cair ao patamar de R$ 250,00 e gradativamente este valor chegaria a custo zero nos anos seguintes.

Naquele momento a vida havia se tornado melhor para a classe trabalhadora que com a estabilidade e controle da inflação, podia planejar melhor seus investimentos e controlar suas despesas sem surpresas. Claro que muitas questões ainda precisavam ser levantadas e corrigidas e irei detalhar melhor essas questões nas partes 2 e 3. 

Acompanhem..

Um abraço.