quinta-feira, 26 de julho de 2012

Um Gigante Adormecido

Desabafo de um torcedor Rubro Negro..

Como muitos rubro-negros, estou irritado com a situação atual do Flamengo. E mesmo acreditando no trabalho do Zinho, não consigo enxergar possibilidade efetiva de mudanças a curto e médio prazo para os problemas de futebol da Gávea. Graças a Deus há pelo menos 4 times piores que o Flamengo neste campeonato brasileiro e assim, em tese, o risco de rebaixamento inédito não me assusta. Entendo que o clube deveria verdadeiramente começar o planejamento para 2013 e assumir publicamente que o grande objetivo este ano é enxugar a inacreditável folha salarial do futebol e preparar a base de um novo time para as próximas temporadas. Qualquer coisa diferente disso, será perda de tempo, nocivo à Instituição e meramente político.

É impressionante como o Flamengo não consegue se reerguer. Até o Corinthians hoje em dia colhe frutos de uma administração que soube explorar o potencial de sua torcida, com inteligência nas ações de marketing (embora tenha contado com valiosa contribuição do Poder Público na questão do estádio e pela aliança inoportuna de seu ex-presidente com a CBF). Há outros exemplos recentes de sucesso em gestão empresarial no futebol brasileiro que poderiam servir como parâmetro ou diretriz para o Flamengo. Mas não. Os mesmos caciques que há quase 30 anos dominam o cenário político do clube se alternam no poder e neste momento se colocam como "pilares da excelência de administração" ou "salvação" para o clube. É desanimador o cenário. E o pior: qualquer mudança neste panorama passa necessariamente por uma reforma do estatuto do clube, o que convenhamos, será muito difícil diante do baixíssimo número de sócios e interessados.

A solução poderia vir da torcida. E sendo um clube de massa, o Flamengo possui uma torcida gigantesca, mas que em sua grande maioria parece não entender o que se passa no clube. É irritante ver e ouvir torcedores durante as partidas gritando e clamando por raça ou idolatrando jogadores que sequer possuem a mínima condição de vestir a camisa do clube. E quando a maior parte da torcida é cega, surda e muda, as esperanças ficam ainda mais reduzidas. O problema é muito maior.

Neste cenário atual há enigmas que precisam ser desvendados. Perguntas que merecem respostas. Vou listar algumas abaixo:

1. A saída do Ibson em 2009 foi um dos fatores para a conquista do hexa. "Perdemos" sua criatividade para a entrada do Pet, no "auge" de seus 37 anos para comandar o meio-campo do time até a conquista. Veja, o Ibson foi reserva na maior parte do tempo em TODOS os clubes que jogou. E sempre atuou em sua posição de origem. Mas, no Flamengo, carrega status de "ídolo", ganha um salário altíssimo e é insubstituível, homem de confiança do Joel. Jogando como terceiro ou quarto homem de meio-campo, prendendo em demasia a bola, errando passes, proporcionando contra-ataques, reclamando de companheiros e da arbitragem o tempo todo. Nenhum diretor ou vice-presidente de futebol enxerga isso?

2. Rendendo abaixo da crítica desde 2009 (vide episódio diante do Náutico no Maracanã), o Leo Moura ainda assim ostenta o status de titular absoluto, melhor lateral do Brasil e é reverenciado pela mídia especializada e pela torcida. Quer renovar por 3 anos (tem 34) ganhando 500 mil reais por mês, sendo que já declarou que quer jogar no meio-campo. Para que renovar então se o cara não será mais lateral? E o risco trabalhista em caso de rescisão do contrato? Você acha que realmente há mercado nacional interessado em pagar 500 mil reais por mês a ele (relembre casos de Toró e o lateral Juan)? Dêem uma placa a ele pelo tempo de clube, pelo bom futebol apresentado até 2008, mas daí a renovar com ele no final do ano é uma temeridade. Há tempos o Leo Moura não apóia, não marca, não faz nada em campo. A maioria dos gols ou das jogadas dos adversários surgem na avenida que ele deixa quando...não apóia ao ataque. Está sempre se escondendo do jogo, atrás da linha da bola e de vez em quando surge no meio-campo, abandonando a lateral.

3. Alguém precisa calar o Joel. Adora se vangloriar de 30 anos de carreira. Mas te pergunto: você lembra 4 ou 5 bons trabalhos do Joel nesse período? E de trabalhos ruins? Perceba, tratamos a exceção como regra. E o clube banca um salário altíssimo para um sujeito que parou no tempo (aliás, não é "privilégio" do Flamengo, temos técnicos ruins que fazem rodízio nos principais clubes brasileiros sem nada a acrescentar do ponto de vista tático ou técnico). E como ele, fizemos o mesmo com Silas, Rogério Lourenço, Caio Junior...

4. Renato Abreu. Teve uma boa fase no Flamengo. Mas, hoje em dia engessa o meio-campo. Não tem função. Aliás, tem. Cobrador de faltas. Porque fora isso, não apóia, não marca, não faz nada. Chamá-lo de ídolo é uma ofensa aos ídolos do passado. Antes do problema cardíaco, o Renato já não corria em campo. Agora então complicou. Está vivendo de 3 ou 4 gols que fez no ano. Não recebe uma bola durante a partida sem antes fazer um giro de 360º e olhar para traz. Como rubro-negro que diz ser, deveria ser o primeiro a pedir para sair. Que o clube lhe dê alguma placa comemorativa, o convide para ser embaixador e tal, mas jogador não dá mais.

5. Botinelli. Queria saber o nome do responsável no clube por contratar jogadores sulamericanos. Peralta, Fierro, Max Bianchucci. É normal errar tantas vezes? É o único argentino sem raça/vontade que conheço.

6. Nos últimos tempos apostamos em Souza, Obina, Dimba, Dill, Josiel, Negreiros, Vanderlei, Jael, Denis Marques. Juntos não fizeram 100 gols em 1000 partidas pelo Flamengo. Agora a bola da vez é o tal do Hernani. Fraco tecnicamente. É um poste. Fará 5 ou 6 gols e depois irá para o Oriente Médio ou algum clube do Nordeste, sem deixar saudades. Não temos um atacante nas categorias de base? Nossos treinadores da base não poderiam treinar ou investir na formação de um jogador de área? Cadê o planejamento e a integração com os profissionais? Junte o salário e as luvas pagas a esses caras e já teríamos construído o CT ou então pago boa parte das dívidas com o Pet, Romário...

Mas, saberemos que não será assim que as coisas funcionarão. Infelizmente. Conheço uns 10 rubro-negros que promoveriam mudanças no clube. Que seriam ótimos administradores, dirigentes de futebol, treinadores, advogados, gente para área de finanças e marketing. Todos sem interesses obscuros ou querendo enriquecer às custas do clube. Como esse grupo, existem outros rubro-negros capazes, íntegros e que podem ajudar. Precisamos trazer essas pessoas para o clube. Conseguiremos um dia?

E como a velha política do "pão e circo", é capaz do clube anunciar o Riquelme, a imprensa fazer festa e a torcida (eu não!) se enganar e acreditar que está tudo bem, que seremos campeões e que os problemas acabaram. O clube pode contratar quem quiser ou puder, vencer 3 ou 4 partidas, mas isso não mudará ou acabará com os problemas do clube. A conquista do brasileiro em 2009 é a prova irrefutável disso tudo que falei até aqui. Aliás, contratar o Riquelme, trazer o Adriano, é ter a certeza de que teremos um quarteto de ex-jogadores em atividade em campo: Leo Moura, Renato Abreu, Riquelme e Adriano. Tudo isso a um custo superior a 1,5 milhão de reais por mês (18 milhões/ano + encargos trabalhistas e fiscais). É mole? Investimento alto sem retorno algum em campo com vitórias, bom futebol e resultados. Algo corriqueiro às gestões do Flamengo (vide também os salários pagos a jogadores como Willians, Kleberson, Rodrigo Alvim, David Braz, Galhardo, Gustavo, Junio Cesar, R10, Angelim e outros).

Por fim, enquanto a torcida arco-íris ecoa sobre a tal "Fla-Press", eu fico indignado com os jornalistas e comentaristas esportivos. Há uma preocupação muito maior em publicar reportagens e notícias sensacionalistas do que realmente discutir ou forçar a reflexão sobre os problemas do clube e do time. Se houvesse uma imprensa tendenciosa, seria esta burra e que presta um desfavor ao Clube de Regatas do Flamengo. Se a preocupação for vender jornal ou espaço na mídia, independentemente do teor da publicação, ok, mas que se admita isso. A própria imprensa tem sua parcela de culpa. Poderia ser muito mais do que realmente é. E os comentaristas esportivos ao tecerem comentários sobre determinados jogadores (exemplo: Ibson e Leo Moura), deveriam ao menos assistir as partidas do Flamengo, porque para falar o que falam, devem fazer de tudo, menos assistir aos jogos do time.


"Estão acabando com o Flamengo e com o amor que torcedores de bem (e de verdade) sentem por ele".

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