Desabafo de um torcedor Rubro Negro..
Como muitos rubro-negros, estou irritado com a situação atual do Flamengo. E
mesmo acreditando no trabalho do Zinho, não consigo enxergar possibilidade
efetiva de mudanças a curto e médio prazo para os problemas de futebol da Gávea.
Graças a Deus há pelo menos 4 times piores que o Flamengo neste campeonato
brasileiro e assim, em tese, o risco de rebaixamento inédito não me assusta.
Entendo que o clube deveria verdadeiramente começar o planejamento para 2013 e
assumir publicamente que o grande objetivo este ano é enxugar a inacreditável
folha salarial do futebol e preparar a base de um novo time para as próximas
temporadas. Qualquer coisa diferente disso, será perda de tempo, nocivo à
Instituição e meramente político.
É impressionante como o Flamengo não
consegue se reerguer. Até o Corinthians hoje em dia colhe frutos de uma
administração que soube explorar o potencial de sua torcida, com inteligência
nas ações de marketing (embora tenha contado com valiosa contribuição do Poder
Público na questão do estádio e pela aliança inoportuna de seu ex-presidente com
a CBF). Há outros exemplos recentes de sucesso em gestão empresarial no futebol
brasileiro que poderiam servir como parâmetro ou diretriz para o Flamengo. Mas
não. Os mesmos caciques que há quase 30 anos dominam o cenário político do clube
se alternam no poder e neste momento se colocam como "pilares da excelência de
administração" ou "salvação" para o clube. É desanimador o cenário. E o pior:
qualquer mudança neste panorama passa necessariamente por uma reforma do
estatuto do clube, o que convenhamos, será muito difícil diante do baixíssimo
número de sócios e interessados.
A solução poderia vir da torcida. E
sendo um clube de massa, o Flamengo possui uma torcida gigantesca, mas que em
sua grande maioria parece não entender o que se passa no clube. É irritante ver
e ouvir torcedores durante as partidas gritando e clamando por raça ou
idolatrando jogadores que sequer possuem a mínima condição de vestir a camisa do
clube. E quando a maior parte da torcida é cega, surda e muda, as esperanças
ficam ainda mais reduzidas. O problema é muito maior.
Neste cenário atual há enigmas que
precisam ser desvendados. Perguntas que merecem respostas. Vou listar algumas
abaixo:
1. A saída do Ibson em 2009 foi um dos fatores para a conquista
do hexa. "Perdemos" sua criatividade para a entrada do Pet, no "auge" de seus 37
anos para comandar o meio-campo do time até a conquista. Veja, o Ibson foi
reserva na maior parte do tempo em TODOS os clubes que jogou. E sempre atuou em
sua posição de origem. Mas, no Flamengo, carrega status de "ídolo", ganha um
salário altíssimo e é insubstituível, homem de confiança do Joel. Jogando como
terceiro ou quarto homem de meio-campo, prendendo em demasia a bola, errando
passes, proporcionando contra-ataques, reclamando de companheiros e da
arbitragem o tempo todo. Nenhum diretor ou vice-presidente de futebol enxerga
isso?
2. Rendendo abaixo da crítica desde 2009 (vide episódio diante do
Náutico no Maracanã), o Leo Moura ainda assim ostenta o status de titular
absoluto, melhor lateral do Brasil e é reverenciado pela mídia especializada e
pela torcida. Quer renovar por 3 anos (tem 34) ganhando 500 mil reais por mês,
sendo que já declarou que quer jogar no meio-campo. Para que renovar então se o
cara não será mais lateral? E o risco trabalhista em caso de rescisão do
contrato? Você acha que realmente há mercado nacional interessado em pagar 500
mil reais por mês a ele (relembre casos de Toró e o lateral Juan)? Dêem uma
placa a ele pelo tempo de clube, pelo bom futebol apresentado até 2008, mas daí
a renovar com ele no final do ano é uma temeridade. Há tempos o Leo Moura não
apóia, não marca, não faz nada em campo. A maioria dos gols ou das jogadas dos
adversários surgem na avenida que ele deixa quando...não apóia ao ataque. Está
sempre se escondendo do jogo, atrás da linha da bola e de vez em quando surge no
meio-campo, abandonando a lateral.
3. Alguém precisa calar o Joel. Adora
se vangloriar de 30 anos de carreira. Mas te pergunto: você lembra 4 ou 5 bons
trabalhos do Joel nesse período? E de trabalhos ruins? Perceba, tratamos a
exceção como regra. E o clube banca um salário altíssimo para um sujeito que
parou no tempo (aliás, não é "privilégio" do Flamengo, temos técnicos ruins que
fazem rodízio nos principais clubes brasileiros sem nada a acrescentar do ponto
de vista tático ou técnico). E como ele, fizemos o mesmo com Silas, Rogério
Lourenço, Caio Junior...
4. Renato Abreu. Teve uma boa fase no Flamengo.
Mas, hoje em dia engessa o meio-campo. Não tem função. Aliás, tem. Cobrador de
faltas. Porque fora isso, não apóia, não marca, não faz nada. Chamá-lo de ídolo
é uma ofensa aos ídolos do passado. Antes do problema cardíaco, o Renato já não
corria em campo. Agora então complicou. Está vivendo de 3 ou 4 gols que fez no
ano. Não recebe uma bola durante a partida sem antes fazer um giro de 360º e
olhar para traz. Como rubro-negro que diz ser, deveria ser o primeiro a pedir
para sair. Que o clube lhe dê alguma placa comemorativa, o convide para ser
embaixador e tal, mas jogador não dá mais.
5. Botinelli. Queria saber o
nome do responsável no clube por contratar jogadores sulamericanos. Peralta,
Fierro, Max Bianchucci. É normal errar tantas vezes? É o único argentino sem
raça/vontade que conheço.
6. Nos últimos tempos apostamos em Souza,
Obina, Dimba, Dill, Josiel, Negreiros, Vanderlei, Jael, Denis Marques. Juntos
não fizeram 100 gols em 1000 partidas pelo Flamengo. Agora a bola da vez é o tal
do Hernani. Fraco tecnicamente. É um poste. Fará 5 ou 6 gols e depois irá para o
Oriente Médio ou algum clube do Nordeste, sem deixar saudades. Não temos um
atacante nas categorias de base? Nossos treinadores da base não poderiam treinar
ou investir na formação de um jogador de área? Cadê o planejamento e a
integração com os profissionais? Junte o salário e as luvas pagas a esses caras
e já teríamos construído o CT ou então pago boa parte das dívidas com o Pet,
Romário...
Mas, saberemos que não será assim que as coisas
funcionarão. Infelizmente. Conheço uns 10 rubro-negros que promoveriam mudanças
no clube. Que seriam ótimos administradores, dirigentes de futebol, treinadores,
advogados, gente para área de finanças e marketing. Todos sem interesses
obscuros ou querendo enriquecer às custas do clube. Como esse grupo, existem
outros rubro-negros capazes, íntegros e que podem ajudar. Precisamos trazer
essas pessoas para o clube. Conseguiremos um dia?
E como a velha
política do "pão e circo", é capaz do clube anunciar o Riquelme, a imprensa
fazer festa e a torcida (eu não!) se enganar e acreditar que está tudo bem, que
seremos campeões e que os problemas acabaram. O clube pode contratar quem quiser
ou puder, vencer 3 ou 4 partidas, mas isso não mudará ou acabará com os
problemas do clube. A conquista do brasileiro em 2009 é a prova irrefutável
disso tudo que falei até aqui. Aliás, contratar o Riquelme, trazer o Adriano, é
ter a certeza de que teremos um quarteto de ex-jogadores em atividade em campo:
Leo Moura, Renato Abreu, Riquelme e Adriano. Tudo isso a um custo superior a 1,5
milhão de reais por mês (18 milhões/ano + encargos trabalhistas e fiscais). É
mole? Investimento alto sem retorno algum em campo com vitórias, bom futebol e
resultados. Algo corriqueiro às gestões do Flamengo (vide também os salários
pagos a jogadores como Willians, Kleberson, Rodrigo Alvim, David Braz, Galhardo,
Gustavo, Junio Cesar, R10, Angelim e outros).
Por fim, enquanto a
torcida arco-íris ecoa sobre a tal "Fla-Press", eu fico indignado com os
jornalistas e comentaristas esportivos. Há uma preocupação muito maior em
publicar reportagens e notícias sensacionalistas do que realmente discutir ou
forçar a reflexão sobre os problemas do clube e do time. Se houvesse uma
imprensa tendenciosa, seria esta burra e que presta um desfavor ao Clube de
Regatas do Flamengo. Se a preocupação for vender jornal ou espaço na mídia,
independentemente do teor da publicação, ok, mas que se admita isso. A própria
imprensa tem sua parcela de culpa. Poderia ser muito mais do que realmente é. E
os comentaristas esportivos ao tecerem comentários sobre determinados jogadores
(exemplo: Ibson e Leo Moura), deveriam ao menos assistir as partidas do
Flamengo, porque para falar o que falam, devem fazer de tudo, menos assistir aos
jogos do time.
"Estão acabando
com o Flamengo e com o amor que torcedores de bem (e de verdade) sentem por
ele".
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