sexta-feira, 5 de outubro de 2012

A Família - Dedicado a tia Neide


Por onde começar? Porque escrever sobre isso? Na verdade não sei.
Hoje uma tormenta passou, sem que nos dessemos conta do tamanho do estrago que ela causaria, mesmo quase que preparados para recebe-la, nunca imaginávamos que a ferida seria tão grande.

Dia 05 de outubro de 2012. Um dia que mesmo que tentássemos explicar, levaríamos horas procurando as palavras certas para definir o que foi a vida de Neide Donato de Oliveira ou simplesmente tia Neide.
Resumindo é mais ou menos assim: Uma capixaba que foi cedo viver na cidade do Rio de Janeiro, casou-se e criou vários filhos. Digo vários, porque além dos seus quatro (3 homens e 1 mulher), ajudou ainda a criar/educar mais alguns. Fez isso com maestria e muita paciência e olha que tinha horas que eu não consigo compreender como ela conseguia. Mas estava lá, alegre, simples, direta, sorridente e muito carinhosa.

Eu era pequeno, e meus pais sempre me contam essa história. Foi um dia em que eu estava mal, com 41º de febre, nos meus 1 ano e 4 meses de vida e ela com sua sabedoria e principalmente iniciativa, me pegou no colo e me levou pro hospital, onde, segundo os médicos, eu não teria mais que algumas horas, pois tinha uma pneumonia aguda. Foi Deus quem a colocou ali naquele momento e eu serei eternamente grato por isso.

Passaram anos e ela continuava presente na vida de todos nós, eu, minha irmã e minha mãe. Eramos apenas nós três e passávamos momentos difíceis, pois nossa receita vinha apenas dos trabalhos que minha mãe desenvolvia (com sua mão de obra simples, pois havia concluído apenas o ensino fundamental, numa época de inflação astronômica) e do dinheiro, que vez ou outra, meu pai mandava, já que também tentava uma vida nova em são paulo e que não estava nada fácil. Foram épocas para se esquecer. Minha mãe era a guerreira da vez, acompanhada e incentivada por dona Neide e seu companheiro Tio Miguel. 

Fomos crescendo, e em quase todos os momentos da minha infância e juventude minha tia estava presente. Me lembro de muitos momentos marcantes. Das idas ao sítio que eles tinham, no município de Silva Jardim, no estado do Rio de Janeiro, até as tardes divertidas jogando vispora, seu passatempo favorito. Fritava seus maravilhosos pastéis de carne e passávamos horas e horas entretidos com esse jogo, que era uma mistura de bingo, com apostas de fichas de ônibus (sim, os ônibus da época davam fichas para depositar nas catracas), num tabuleiro com marcações do tipo "coladinho", "terno embaixo", "ponta" entre outros. Era fantástico!

Numa infância com recursos financeiros limitados, nada era mais importante, que esses momentos em família e confesso honestamente, que não trocaria por nada nesse mundo aqueles momentos.
Quando se tem amor e união, tudo pode ser superado. 
Deus nos presenteou com essa mulher que desde que me conheço por gente, nunca mediu esforços para ajudar quem quer que fosse, parente ou vizinho, conhecido ou desconhecido, ela fazia por vocação. Hoje é tão difícil encontrar pessoas que ajudem os seus, ainda mais aqueles considerados estranhos. 

Dona Neide, certamente a senhora deixará saudades, mas conseguiu deixar também um legado que dificilmente será esquecido; o do amor, da amizade, do carinho com os outros e principalmente da gratidão.  Ensinou o que significa ser FAMÍLIA de verdade. Obrigado por fazer da nossa vida algo melhor, mas obrigado mesmo por ter nos dado a honra de passar preciosos momentos ao seu lado. Siga em paz e esteja com Deus!







Um comentário:

  1. Ninguém consegue explicar ou medir a falta que faz um ente querido no momento que se vai... é uma saudade quase que antecipada. Ainda antes da "ficha cair", o sentimento de perda, de "nunca mais", é muito forte!...
    Com o passar do tempo a gente vai se acostumando com a ausência física e se prendendo mais à presença emocional (as boas lembranças). E com uma boa dose de fé, passamos a nos tranquilizar, pois aquele "nunca mais" que sentimos lá no momento da partida, transforma-se num "até algum dia".
    Então, por tudo que você disse sobre sua tia (realmente parece ter sido uma mulher fofa demais, linda e especial!), tenho certeza de que lá de onde ela está, deseja que vocês vivam tudo o que há pra viver por ora. E quando chegar o momento certo, vocês irão se reencontrar.
    Um grande beijo, amigo! Fique com Deus!

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