quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Lula x FHC - Parte 2

(Parte 1) ..Naquele momento a vida havia se tornado melhor para a classe trabalhadora que com a estabilidade e controle da inflação, podia planejar melhor seus investimentos e controlar suas despesas sem surpresas. Claro que muitas questões ainda precisavam ser levantadas e corrigidas e irei detalhar melhor essas questões nas partes 2 e 3. 


Parte 2 

Após a estabilização econômica e o controle da inflação, o governo FHC começou a movimentar outras áreas importantes e urgentes da sua gestão, como saúde, educação, reformas do estado e administrativa e da previdência. Este último acabou sendo deixado de lado e não foi concluído sequer 20% do que era planejado. 

Na Saúde desenvolveu ações importantes, como o mutirão da saúde, que levava medicamentos e assistência as comunidades mas carentes e distantes dos grandes centros, mas que foi criticado por não atender nem 30% da população necessitada. Outro ponto importante e determinante para a aprovação do governo, foi o combate a Aids e a quebra das patentes dos medicamentos. A popularização dos genéricos, como ficou conhecido, mudou o rumo das comercializações e monopólios das indústrias farmacêuticas no Brasil, gerando inclusive, um mal estar entre Brasil e Estados Unidos na época. 

Na Educação criou o FUNDEF (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental), que no governo Lula seria ampliado e rebatizado com o nome FUNDEB (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica), com sua vigência programada até 2019.
Esse fundo tinha como objetivo destinar recursos para o ensino fundamental e sua vigência seria até 2006, quando o FUNDEB foi implantado. O presidente Lula não só implantou, como conseguiu ampliar os valores que seriam destinados, aumentando os investimentos na educação básica. Com isso, além do investimento nos alunos, os professores também ganhariam, uma vez que o governo melhorou a distribuição dos recursos e os municípios passaram a capacitar os professores de forma continua. 

Na Reforma Administrativa e do Estado, o governo FHC "bateu de frente" com o funcionalismo público, de maneira que os salários foram congelados, pois o governo precisa aumentar o controle dos gastos, pois caso contrário o fantasma da inflação poderia voltar e comprometer todo o trabalho. Luis Carlos Bresser Pereira era o ministro responsável por fazer as mudanças necessárias e acabou esbarrando nos interesses dos agricultores e dos industriais. Era difícil mexer num sistema que estava operante desde os meados da década de 60 e que trazia benefícios e "privilégios" para alguns setores.

FHC sabia que se não tivesse sucesso nas reformas, dificilmente venceria outros desafios do seu plano de governo. Seu objetivo central seria reformar um governo burocrático e insatisfatório diante das novas exigências, o que provocava uma combinação perversa entre serviços de baixa qualidade e alto custo. Era necessário, portanto, uma reforma gerencial que trouxesse à Administração Pública maior flexibilidade, agilidade, eficácia e eficiência. 
"É importante destacar que, durante a década de 1980 e o início dos anos de 1990, o estado brasileiro veio perdendo progressivamente sua capacidade em promover o desenvolvimento econômico e social por uma série de fatores, como instabilidade econômica, alta inflação e descontrole do gasto público"(Bolívar Lamounier e Rubens Figueiredo).

Nessa área, o presidente Lula fez mudanças pouco eficientes, inclusive aumentou os gastos e os benefícios com o funcionalismo público, comprometendo o crescimento do PIB e reduzindo os investimentos de infraestrutura. Investimentos que só seriam retomados com a implantação do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) em 2007. 

De maneira geral os dois governos ampliaram o debate sobre as questões Econômico/Social, mas é inegável que o governo Lula, teve mais subsídios para investir melhor nas prioridades, já que não precisava fazer ajustes fiscais tão frequentes como no "pós estabilização econômica e controle inflacionário". Seu governo investiu bilhões no intuito de corrigir as desigualdades e melhorar a vida da população pobre e esquecida por governos anteriores. Os programas de governo que visavam incluir as classes C e D no mundo do consumo, tinha planos bem traçados, porém pouco efetivos num primeiro momento, pois era preciso vincular os recebimentos de maneira eficiente e transparente. Foi muito criticado por conservadores e por membros da sociedade civil que afirmavam que o plano era assistencialista e eleitoreiro. Em alguns casos poderia ser, mas ninguém na história desse país investiu tanto e melhorou de maneira substancial a vida de milhões. 

Muitas coisas ainda estavam por vir e os questionamentos sobre os pontos positivos e negativos dos dois governos foram ampliados em vários debates da sociedade civil, seja na internet, universidades ou encontros sindicais. O importante é que tanto FHC quanto Luis Inácio deram uma contribuição importante ao desenvolvimento econômico e social nesse país e outros pontos ainda serão abordados. Aguardem a parte 3.

Um abraço,







segunda-feira, 15 de outubro de 2012

O Papel do Professor

Uma pergunta que sempre ficou "grampeada" em minha cabeça. Qual é exatamente o papel do professor? 

Para o psicólogo russo, Lev S. Vygotsky, as palavras partilhadas socialmente seguem uma trajetória na formação intelectual das crianças no sentido de constituírem conceitos. Esse pensador tinha como centro, a necessidade de formar a  cidadania e criar responsabilidade social nas crianças desde pequenas. 
Vygostsky é um pensador interacionista como Piaget e sua questão central é a aquisição de conhecimentos pela interação do sujeito com o meio. Por isso ele é chamado de sociointeracionista, e não apenas de interacionista, como Piaget. 

Organizando internamente as experiências que recebe do meio, o indivíduo lhes atribuirá novos significados, negociando suas próprias interpretações com as dos outros. Dessa forma, ele permite entender melhor o meio social e reinterpretar os valores, as idéias e os conflitos que foram constituídos histórica e socialmente.
Todo esse processo de reconstrução do mundo por meio da apropriação dos conceitos aprendidos socialmente inicia-se nos primeiros anos de vida. A criança recontrói internamente as atividades externas que realiza com outras pessoas e objetos. Mas porque tudo isso? 

O papel do professor ganha grande importância, não apenas em reproduzir conteúdos, mas principalmente em articular e mediar conceitos espontâneos da criança e conceitos científicos. Todas essas experiências auxiliarão no desenvolvimento do aluno e facilitarão o conhecimento da realidade fisica e social. 
A mediação do professor permitirá que os alunos saiam do plano do conhecimento informal que já trazem consigo para a escola e cheguem ao conhecimento formal, resultado das negociações e sistematizações feitas em classe. 

Hoje, o professor se tornou um agente do conhecimento, mas não necessáriamente um reprodutor de informações e sim um gestor, que além de conhecimento técnico precisa entender o todo, os alunos e suas necessidades, as famílias e suas frustrações, afim de minimizar em sala de aula os efeitos causados pela vida externa, ou seja, fora da escola. É um desafio e tanto, numa sociedade que cobra resultados imediatos e aonde a família está cada vez mais distantes das suas obrigações. O professor absorveu, por uma necessidade da nova vida cotidiana, uma tarefa árdua e perigosa, num mundo onde as responsabilidades foram passadas todas para a escola.



Devemos apoiar ou criticar?  No mínimo devemos conhecer o trabalho desses profissionais, ao invés de pensar que só reclamam de salários ou que são meros "coitados". Penso que o pouco de ética que ainda existe no mercado, é fruto da dedicação de profissionais como esses GRANDES PROFESSORES!



Vamos a luta, o desafio é enorme! 
Parabéns Mestres..

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Lula x FHC - Parte 1

Começo esse texto fazendo uma pergunta objetiva. Quem foi melhor, Lula ou FHC?

Em 3 partes irei expor as participações políticas e suas realizações, sem a intenção de denegrir a imagem de nenhum dos dois. Tanto Fernando Henrique quanto Luiz Inácio, tiveram grande importância no cenário político brasileiro e certamente cometeram erros e acertos. 

O Início

Acompanho política desde os meus 15 anos, quando Fernando Collor de Melo disputava com Luiz Inácio Lula da Silva a vaga ao posto de presidente da república. Estava começando a me interessar por um assunto tão complexo naquela época. Mas vamos voltar um pouco no tempo.

José Sarney era o presidente anterior, que ficou conhecido por tentar implementar programas de pouca eficiência, como a criação da Sunab e seus famosos fiscais, que tinham a função de "fiscalizar" os abusos praticados pelo comércio em geral. Numa época onde a inflação atingia números astronômicos, em torno de 350% ao ano, todas as tentativas acabavam fracassando por várias razões. Do ponto de vista econômico, o governo Sarney foi bastante conturbado. Herdeiro dos problemas gerados pelo modelo de desenvolvimento econômico estabelecido durante o regime militar e agravado pelas sucessivas crises internacionais, o governo elaborou vários planos para combater a inflação e estabilizar a economia. Sem a estabilização, nada adiantaria, já que os altos juros, engoliam os salários e o poder de compra dos trabalhadores era zero. 



Veio então a era Collor, sem muito sucesso nessa área, pois a inflação não parava de crescer, chegando em 1989 (805% ano), 1990 (1689,87% ano), 1991 (458,38% ano) e 1992, em seu último ano de mandato, pois sofreria o impeachment, a inflação ficou em (1174,67% ano). Era preciso fazer algo urgente!

Assim que o vice presidente Itamar Franco assumiu no lugar de Fernando Collor, realizou algumas mudanças em seus ministérios. Uma delas aconteceu em maio de 1993, quando Fernando Henrique Cardoso assumiu a pasta da fazenda e ficou encarregado de resolver essa "bucha" que se arrastava por décadas. 
Nesse período, começou a implantar o Plano Real, que foi dividido em três etapas, sendo as duas primeiras implantadas enquanto era ministro. Resumidamente falando, a primeira etapa foi controlar os gastos públicos, na segunda criou a URV - Unidade Real de Valor, já prevendo sua posterior transformação no real, uma jogada de mestre. Venceu Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 1994, já que gozava de boa popularidade em função do trabalho de estabilização da moeda e assim que assumiu a presidência, em janeiro de 1995, iniciou a terceira etapa.

O sucesso do plano real foi imediato. Em 1993 o IPCA havia registrado alta de 2477,15%, já em 1995 o IPCA apresentou um valor de 22,41% e este valor foi caindo até chegar ao recorde de 1,66% em 1998 (Dados IBGE). O fantasma da Hiper Inflação finalmente seria derrotado. Tanto que FHC com índices de popularidade significativa seria reeleito já no primeiro turno com 53,06% dos votos, contra 31,71% do seu adversário, Luiz Inácio. Este só conseguiu derrotar FHC nos estados do Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.

Após a estabilização econômica e controle da inflação, FHC iniciou uma nova etapa, que seria a reforma do estado, promovida em seus dois mandatos e que faria um controle rigoroso das contas públicas e dos gastos com o funcionalismo. 
Fernando Henrique conseguiu a aprovação de várias emendas que facilitaram a entrada de empresas estrangeiras no brasil, com o intuito de acirrar a concorrência interna e diminuir preços. Foi muito criticado pela oposição e por alguns empresários que estavam renegociando suas dividas, uma vez que a abertura agravou a crise em alguns setores, pouco produtivos, em função da chegada de empresas mais sólidas e competitivas. 
O setor mais beneficiado com essa abertura foi o das telecomunicações, fazendo por exemplo, o valor de aquisição de uma linha fixa de telefone, que antes custava R$ 8.994,66, cair ao patamar de R$ 250,00 e gradativamente este valor chegaria a custo zero nos anos seguintes.

Naquele momento a vida havia se tornado melhor para a classe trabalhadora que com a estabilidade e controle da inflação, podia planejar melhor seus investimentos e controlar suas despesas sem surpresas. Claro que muitas questões ainda precisavam ser levantadas e corrigidas e irei detalhar melhor essas questões nas partes 2 e 3. 

Acompanhem..

Um abraço.




sexta-feira, 5 de outubro de 2012

A Família - Dedicado a tia Neide


Por onde começar? Porque escrever sobre isso? Na verdade não sei.
Hoje uma tormenta passou, sem que nos dessemos conta do tamanho do estrago que ela causaria, mesmo quase que preparados para recebe-la, nunca imaginávamos que a ferida seria tão grande.

Dia 05 de outubro de 2012. Um dia que mesmo que tentássemos explicar, levaríamos horas procurando as palavras certas para definir o que foi a vida de Neide Donato de Oliveira ou simplesmente tia Neide.
Resumindo é mais ou menos assim: Uma capixaba que foi cedo viver na cidade do Rio de Janeiro, casou-se e criou vários filhos. Digo vários, porque além dos seus quatro (3 homens e 1 mulher), ajudou ainda a criar/educar mais alguns. Fez isso com maestria e muita paciência e olha que tinha horas que eu não consigo compreender como ela conseguia. Mas estava lá, alegre, simples, direta, sorridente e muito carinhosa.

Eu era pequeno, e meus pais sempre me contam essa história. Foi um dia em que eu estava mal, com 41º de febre, nos meus 1 ano e 4 meses de vida e ela com sua sabedoria e principalmente iniciativa, me pegou no colo e me levou pro hospital, onde, segundo os médicos, eu não teria mais que algumas horas, pois tinha uma pneumonia aguda. Foi Deus quem a colocou ali naquele momento e eu serei eternamente grato por isso.

Passaram anos e ela continuava presente na vida de todos nós, eu, minha irmã e minha mãe. Eramos apenas nós três e passávamos momentos difíceis, pois nossa receita vinha apenas dos trabalhos que minha mãe desenvolvia (com sua mão de obra simples, pois havia concluído apenas o ensino fundamental, numa época de inflação astronômica) e do dinheiro, que vez ou outra, meu pai mandava, já que também tentava uma vida nova em são paulo e que não estava nada fácil. Foram épocas para se esquecer. Minha mãe era a guerreira da vez, acompanhada e incentivada por dona Neide e seu companheiro Tio Miguel. 

Fomos crescendo, e em quase todos os momentos da minha infância e juventude minha tia estava presente. Me lembro de muitos momentos marcantes. Das idas ao sítio que eles tinham, no município de Silva Jardim, no estado do Rio de Janeiro, até as tardes divertidas jogando vispora, seu passatempo favorito. Fritava seus maravilhosos pastéis de carne e passávamos horas e horas entretidos com esse jogo, que era uma mistura de bingo, com apostas de fichas de ônibus (sim, os ônibus da época davam fichas para depositar nas catracas), num tabuleiro com marcações do tipo "coladinho", "terno embaixo", "ponta" entre outros. Era fantástico!

Numa infância com recursos financeiros limitados, nada era mais importante, que esses momentos em família e confesso honestamente, que não trocaria por nada nesse mundo aqueles momentos.
Quando se tem amor e união, tudo pode ser superado. 
Deus nos presenteou com essa mulher que desde que me conheço por gente, nunca mediu esforços para ajudar quem quer que fosse, parente ou vizinho, conhecido ou desconhecido, ela fazia por vocação. Hoje é tão difícil encontrar pessoas que ajudem os seus, ainda mais aqueles considerados estranhos. 

Dona Neide, certamente a senhora deixará saudades, mas conseguiu deixar também um legado que dificilmente será esquecido; o do amor, da amizade, do carinho com os outros e principalmente da gratidão.  Ensinou o que significa ser FAMÍLIA de verdade. Obrigado por fazer da nossa vida algo melhor, mas obrigado mesmo por ter nos dado a honra de passar preciosos momentos ao seu lado. Siga em paz e esteja com Deus!